Confronto entre a polícia e grupos que querem votar no plebiscito separatista da Catalunha, na Espanha, deixaram pelo menos 337 feridos neste domingo (1º), segundo o governo catalão, cuja região busca se tornar independente do resto do país.
De acordo com os jornais "El País" e "The Guardian", os confrontos aconteceram quando a polícia tentava impedir a abertura de colégios eleitorais para promover o referendo considerado ilegal pelo governo espanhol. Segundo relatos, a polícia teria usado balas de borracha, proibidas na Catalunha desde 2014 quando uma mulher perdeu um dos olhos devido ao objeto em uma manifestação em Barcelona em 2012
"Do total, 35 foram levemente feridos, e três, mais gravemente. Nove deles tiveram de ser transportados para um centro médico. Trata-se, basicamente, de contusões, desmaios, ataques de pânico", relataram os serviços de urgência em dois tuites seguidos.
Início do referendo
Convocado para as 9h (4h da madrugada em Brasília) deste domingo, o referendo sobre a independência da Catalunha começou de forma tensa em alguns locais de votação. Em um centro desportivo no município de Sant. Julia de Ramis, na província de Girona, onde o presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, votaria ainda pela manhã, homens da Guarda Civil Espanhola retiraram à força, um a um, os separatistas que faziam um cordão humano na porta principal para impedir a ação da polícia.
Depois da retirada das pessoas, que não revidaram, os guardas quebraram as portas de vidro e invadiram o local para recolher urnas e outros materiais de votação. Antes mesmo das 9h, ao menos outras 15 estações de votação foram fechadas, segundo o jornal "El País".
De qualquer forma, em várias outras localidades, como em Barcelona, capital catalã, a votação corre normalmente. O presidente regional conseguiu votar ainda na parte da manhã na cidade de Cornella de Terri e, segundo um porta-voz do governo regional, 73% das mesas estavam funcionando por volta das 11h locais.
Centenas de pessoas passaram a noite de sábado e a madrugada deste domingo acampadas dentro e fora de escolas para garantir que estas pudessem ser usadas na consulta. Mais de 5,3 milhões de catalães foram chamados a participar.
Referendo sobre a independência da Catalunha
Nos últimos dias, o governo espanhol enviou para a região mais de 10 mil agentes das forças de segurança, apreendeu milhões de cédulas de voto e 45 mil notificações que convocavam membros das mesas eleitorais. As autoridades dizem que governos locais não podem convocar referendos para tratar de questões de soberania - o que caberia apenas ao governo central. O Tribunal Constitucional considera que a iniciativa é ilegal.
As pesquisas de opinião mostram que os catalães estão divididos sobre a independência: 41,1% são favoráveis e 49,4%, contrários, segundo a última consulta do governo catalão, publicada em julho. Mas a pesquisa informa ainda que mais de 70% da população querem que a questão seja decidida em um referendo legal.
No sábado (30), milhares de pessoas protestaram em várias cidades da Espanha tanto contra como a favor do referendo. (Com AFP).