Hugo Chávez espionou rivais e imprensa, afirma jornalista

Jorge Lanata, do Grupo Clarín, obteve documentos do governo venezuelano sobre a movimentação do opositor

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Documentos confidenciais do governo venezuelano obtidos pelo jornalista argentino Jorge Lanata mostram que houve uso do aparato estatal para vigiar o opositor de Hugo Chávez, Henrique Capriles, além de jornalistas, familiares de políticos e líderes estudantis nas eleições do último dia 7 de outubro.

O caso foi abordado por Lanata ontem em seu programa "Periodismo para Todos".

O jornalista e sua equipe haviam sido detidos no aeroporto de Maiquetía, ao deixarem Caracas. Tiveram os passaportes confiscados e arquivos de celulares e câmeras apagados.

Lanata, cujo programa é veiculado pelo canal 13, do Grupo Clarín, em enfrentamento com o governo, acusou os kirchneristas de agirem em conluio com Chávez.

Entre o material que obteve estão fichas e relatórios do Ministério da Defesa venezuelano, do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e das autoridades do aeroporto de Maiquetía.

Num deles, é informada uma viagem realizada por uma tia do candidato oposicionista Henrique Capriles, acompanhada de outros familiares. Noutro, há o acompanhamento de passagens de Capriles pelos aeroportos.

Há, ainda, listas de jornalistas estrangeiros enviados para a cobertura das eleições, com os horários de chegada e partida previstos e as companhias em que viajaram.

Em alguns casos, foram feitas ressalvas especiais, como em relação ao mexicano Jorge Ramos, apresentador da Univisión.

No documento, pede-se que seja informada imediatamente sua chegada ao país. Ramos é apresentado da seguinte maneira: "Considerado como um dos mais importantes jornalistas da indústria midiática hispânica nos Estados Unidos, foi condutor do vídeo contra a Venezuela "A Ameaça Iraniana".

O nome da jornalista Leandra Felipe, que cobriria o evento para a Globo News, aparece na lista.

"Os documentos mostram que, diferentemente do discurso adotado por Chávez de que haverá mais diálogo na nova gestão, as evidências que temos são de um governo que se mostra cada vez mais totalitário e que vigia os seus cidadãos", argumentou Lanata.

Ele conseguiu recuperar imagens e o equipamento da equipe e reconstruiu o momento da detenção dos jornalistas argentinos pelos venezuelanos.

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