Centenas de chavistas se concentravam neste sábado (15) em apoio às Forças Armadas venezuelanas, enquanto opositores convocaram uma nova manifestação para repudiar os abusos das forças de ordem em protestos contra o governo, onde já morreram 28 pessoas.
Foram registradas 28 mortes, cerca de 400 feridos, mais de 100 detidos e 41 investigações por violação de direitos humanos por parte das forças policiais, segundo um balanço do Ministério Público desde que as manifestações tiveram início do começo do mês passado com estudantes de San Cristóbal (oeste).
Centenas de pessoas estavam prontas para marchar a partir da praça Los Símbolos até o Paseo Los Próceres, no sudoeste de Caracas, até a Academia Militar, com bandeiras venezuelanas e vestidos de vermelho.
O presidente da Assembleia Nacional e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, afirmou que o povo iria defender a Revolução Bolivariana, como os chavistas chamam o período após a eleição do ex-presidente Hugo Chávez em 1999, morto no ano passado e sucedido por Nicolás Maduro.
? Hoje o povo vai a "Los Próceres" dar o reconhecimento a nossa Guarda Nacional Bolivariana que está nas ruas, ao exército, à marinha, à aviação. O povo e a força armada nas ruas defendendo a revolução bolivariana, o legado de Hugo Chávez, a pátria e nossa Constituição.
Oposição
Paralelamente, o partido oposicionista Vontade Popular convocou uma mobilização no bairro de Caricuao, oeste de Caracas, "para repudiar a brutal ação dos corpos de segurança do Estado e de grupos irregulares contra os manifestantes nos diversos dias de protestos".
A crítica inicial dos protestos contra a criminalidade foi se somando aos poucos à inflação de 57%, à escassez de alimentos e produtos básicos, à prisão política de oposicionistas e à repressão praticada pelas forças de segurança.
As forças de reforçaram entre quinta (13) e sexta-feira (14) as operações contra manifestantes radicais, que consistem em uma maior presença policial, detenção de radicais e apreensões, e se concentraram em Caracas, San Cristóbal (onde começaram os protestos) e Valência (norte), onde na quarta-feira dois civis e um integrante da Guarda Nacional morreram baleados.
Maduro afirmou em entrevista nesta sexta que vai acabar com as manifestações que para o governo são um "golpe de Estado".
? Vamos entrar com planos especiais até acabarmos com os guarimberos (manifestantes que fazem piquetes) e com os delinquentes em todas as áreas urbanas desta classe média alta e classe média, que são as principais vítimas deste golpe de Estado.
O ministro do Interior e da Justiça, Miguel Rodríguez Torres, informou também que os agentes venezuelanos multiplicaram as apreensões de objetos utilizados por manifestantes radicais, incluindo explosivos e substâncias químicas para fabricar coquetéis molotov.
A Venezuela foi alvo de três golpes desde 1992, sendo um deles promovido pelo então tenente-coronel Hugo Cháves naquele an e outro contra o militar depois de ter sido eleito presidente, em 2002.