Um tribunal egípcio confirmou neste sábado (21) as condenações à morte contra 183 supostos partidários do presidente islamita Mohamed Mursi, deposto pelo exército, entre eles o chefe da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie.
O veredicto final, após a consulta não vinculante ao mufti, o representante do Islã ante as autoridades, é o epílogo de um julgamento em massa realizado pelo juiz Said Yussef Sabry, que proibiu o acesso da imprensa ao tribunal.
Sabry é um magistrado que não hesita em aplicar penas capitais. Em março condenou à morte 529 pessoas, o que provocou uma feroz polêmica internacional, e depois comutou 492 delas à prisão perpétua. Na época a ONU denunciou o ocorrido como "o maior julgamento em massa" da história da humanidade.
Poucas horas depois de confirmar apenas 37 condenações à morte, o juiz Sabry voltou a anunciar outras 683, e neste sábado confirmou 183 delas, a maioria à revelia. Além disso, comutou a pena em prisão perpétua para quatro pessoas, entre elas duas mulheres, e absolveu 496, afirmou à AFP o procurador geral Abdel Rahim Abdel Malek.
Outro tribunal condenou oito pessoas à prisão perpétua por ter incendiado locais da Irmandade Muçulmana em Damiette (norte) e 23 supostos islamitas a 15 anos por participação em um protesto violento, segundo a agência Mena.
Os cerca de 1.200 acusados nestes dois julgamentos estavam envolvidos em manifestações violentas em Minya, no centro do Egito, em 14 de agosto, no mesmo dia em que 700 manifestantes pró-Mursi morreram pelas mãos de policiais e soldados no Cairo.
Segundo a promotoria, eram acusados de ter assassinado dois policiais e de tentar matar outros cinco, de vandalismo, de pertencer a uma organização ilegal, alusão à Irmandade Muçulmana, declarada terrorista e perseguida desde então.
Desde a deposição e a prisão no dia 3 de julho de 2013 de Mursi, o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente no país, as forças de segurança realizam uma repressão implacável de seus partidários.
Mais de 1.400 manifestantes pró-Mursi morreram e cerca de 15.000 pessoas foram detidas.
Além disso, a Irmandade Muçulmana foi declarada terrorista e quase todos os seus líderes podem ser condenados à morte me diversos julgamentos, assim como o próprio Mursi.
Seu líder supremo, Mohamed Badie, também já havia sido condenado à morte na quinta-feira em outro julgamento por confrontos no Cairo durante o verão de 2013.