Eleições: Chile vai às urnas neste domingo com foco na desigualdade

O país, que no ano passado cresceu 5,6%, quer menos desigualdade social.

Principais candidatas têm passado relacionado à ditadura | Reprodução Internet
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O Chile que vai às urnas neste domingo para eleger uma nova presidente -as duas principais candidatas são Michelle Bachelet, da centro-esquerda, e Evelyn Matthei, da direita- não busca apenas o que antes tinha como prioridade: o desenvolvimento econômico. O país, que no ano passado cresceu 5,6%, quer menos desigualdade social.

Nesse contexto, são o modelo de crescimento, visto como neoliberal, e o sistema político do país que estão em jogo no pleito de hoje, disputado por nove candidatos.

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Segundo a pesquisa Latinobarómetro divulgada no início do mês, em ranking elaborado com 18 países da América Latina, o Chile aparece em último lugar no quesito interesse por política.

E o país alcança a antepenúltima colocação da pesquisa quando a pergunta é: "O governo pode resolver problemas nos próximos 5 anos?".

"A população quer a democracia, mas existe uma insatisfação grande com as oportunidades, com a possibilidade de mobilidade social. O Chile é um país mais rico, mas as pessoas não conseguem mudar suas condições sociais", afirmou à Folha Marta Lagos, diretora no Chile da Latinobarómetro.

Por isso, segundo ela, temas que surgiram de protestos da população, como a mudança no sistema educacional reivindicada por estudantes e professores e a reforma tributária, entraram na campanha eleitoral.

É essa busca por um país mais justo socialmente que deve levar Michelle Bachelet, presidente entre 2006 e 2010, ao Palácio de La Moneda pela segunda vez.

A candidata da coalizão de centro-esquerda Nova Maioria (antiga Concertação) deverá ser eleita provavelmente no primeiro turno, caso se confirmem as pesquisas.

Em seu discurso de encerramento de campanha, na quinta-feira, ela disse que a desigualdade social é a "pedra no sapato" do Chile.

Mesmo com uma boa margem de diferença para a segunda colocada, Matthei, da frente Aliança, nenhum analista crava a vitória de Bachelet, porque esta será a primeira eleição presidencial e legislativa com voto não obrigatório no país.

A VOZ DA RUA

Para Fernando García-Naddaf, professor de comunicação política da Universidade Diego Portales, se não fossem os protestos dos estudantes e a não obrigatoriedade do voto, a eleição deste ano teria como centro do debate a insegurança e o desenvolvimento econômico. "As pessoas foram para as ruas, novos temas surgiram", diz.

"Bachelet e a Nova Maioria tiveram a qualidade de incorporar as demandas sociais à sua agenda. A fórmula Bachelet mais estudantes é imbatível", diz Cristóbal Bellolio, da Escola de Governo da Universidade Adolfo Ibáñez.

O economista Cristóbal Huneeus, que integrou o Ministério da Fazenda no governo Bachelet, compara o cenário atual do Chile com o Brasil.

"Com o governo de Lula, a classe média cresceu e a desigualdade diminuiu. No Chile, as pessoas veem que o sistema neoliberal só beneficia alguns. Somos um país mais capitalista que os EUA", diz Huneeus.

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