China e EUA assinam acordo e viram o jogo do aquecimento global

A grande novidade é que a China, pela primeira vez, se compromete a reduzir emissões -ainda que sem fixar números

Acordo | Reprodução
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Histórico: é a melhor definição para o acordo que acaba de ser anunciado entre China e EUA para redução das emisões de CO2. Ainda que sua implementação seja difícil e os resultados insuficientes, o anúncio marca uma virada importantíssima. E joga tremenda pressão sobre o Brasil e outro países em desenvolvimento.

A grande novidade é que a China, pela primeira vez, se compromete a reduzir emissões -ainda que sem fixar números. O país produz um terço dos gases estufa. É o maior poluidor do planeta e acaba de aceitar a redução, que deve começar, no máximo, até 2030. Além de passar produzir 20% de toda sua energia a partir de fontes renováveis.

Já os EUA, segundo maior poluidor, se comprometeram a reduzir em até 28% suas emissões, comparativamente a 2005 _a meta anterior era de 17%. Mal saiu o anúncio, o líder da oposição Republicana no Senado, Mitch McConnell, acusou Obama de "pouco realista". Vencedor nas recentes eleições no país, o partido deve travar a aprovação da medida no Congresso.

O acordo vem sendo negociado há meses. Foi anunciado pelo presidente da China, Xi Jinping, e dos EUA, Barack Obama, numa entrevista coletiva em Pequim, onde participam da cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico). Recente relatório do Painel Intergovernamental do Clima, mostrou que é urgente reduzir todas as emissões do planeta em 70% até 2050.

O clima esquenta para Brasil, Índia e outros países em desenvolvimento. Até aqui eles têm evitado compromissos importantes de redução, fazendo exigências e pedindo dinheiro dos países desenvolvidos para combater suas emissões. Com o acordo de hoje, seus argumentos começam a desmoronar.

No Brasil, um terço das emissões vem do desmatamento, um terço dos combustíveis e um terço da agropecuária. O governo Dilma vem pressionando por um fundo que dê dinheiro ao país para preservar suas florestas. O crescimento de 122% no desmatamento da Amazônia, revelado após as eleições, e o histórico acordo China/EUA, podem cortar essa pretensão pela raiz.

Isso sem contar que Dilma continua subsidiando a gasolina. Deixando de lado o fato de que com isso ela usa dinheiro público para beneficiar os mais favorecidos, do ponto de vista do aquecimento global essa é uma política suicida. E quanto ao agronegócio, quem no Brasil tem cacife para colocar regras no seu modus operandi? O desmatamento, portanto, parece a única carta do Brasil nesse jogo.

Para produzir 20% de energia de fontes limpas, como acaba de anunciar, a China terá que gerar até mil gigawatts sem usar petróleo ou carvão. Isso equivale a quase toda a energia produzida nos EUA em um ano. Ou mais do que todas as usinas a carvão atualmente em operação na China produzem.

Para o principal líder do movimento contra as mudanças climáticas, entretanto, muito mais deve ser feito. "Precisamos de um acordo global, de todas as nações. Mas o anúncio mostra um compromisso sério dos dois maiores poluidores", disse o ex vice-presidente norte-americano, Al Gore.

Semana passada no Brasil, Gore ministrou treinamento de líderes contra as mudanças climáticas, quando destacou a importância da Conferência Global sobre o Clima de Paris no ano que vem, a COP-21.

A conferência COP-20, que acontece no Peru mês que vem, já era vista apenas como uma preparação para Paris –este ano o clima das negociações estava morno. O anúncio de hoje, entretanto, promete esquentar os debates em Lima e, quem sabe, pavimentar a estrada para Paris.

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