Sem informar o próximo destino, a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, partiu da Malásia na noite desta terça-feira (horário local) para continuar sua turnê pela Ásia. A China se opôs fortemente à visita de Pelosi, com um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alertando que os EUA “pagarão o preço por minar os interesses de segurança soberana da China”.
Segundo informações divulgadas pelo The Guardian, Pelosi deve pousar em Taipé, capital de Taiwan, e se reunir com a presidente Tsai Ing-wen na manhã seguinte.
O boing C-40C da Força Aérea americana que transporta a presidente da Câmara dos EUA saiu de Kuala Lumpur, a capital da Malásia, às 15h42 (horário local) desta terça-feira, de acordo com o site de rastreamento Flightradar24, algumas horas depois de pousar em uma base da Força Aérea da Malásia, na segunda etapa de sua passagem pela Ásia.
Na Malásia, Nancy Pelosi se encontrou com o presidente do Dewan Rakyat, a Câmara dos Deputados da Malásia, e se reuniu também com o primeiro-ministro, informou a agência de notícias estatal Bernama.
Depois de Cingapura e Malásia, seu itinerário inclui paradas na Coreia do Sul e no Japão, mas a perspectiva de uma visita a Taiwan continua chamando a atenção. A expectativa é de que Pelosi chegue a Taipé por volta das 22h20 (horário local, 10h20 no Brasil) e se encontre com a presidente Tsai Ing-wen na quarta-feira, segundo a mídia taiwanesa, apesar das repetidas advertências de Pequim.
O Ministério das Relações Exteriores chinês disse hoje que os EUA “pagariam o preço” se Pelosi fosse a Taiwan. "Os EUA assumirão a responsabilidade e pagarão o preço por minar os interesses de segurança soberana da China — disse a porta-voz da pasta, Hua Chunying.
A China considera Taiwan como parte de seu território e alertou que verá uma visita de Pelosi à ilha como provocação. Mas, numa mudança de posição, já que a Casa Branca antes tinha expressado reservas quanto à visita, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse na segunda-feira que Pelosi tem o direito de fazê-la. "Não há razão para Pequim transformar uma visita em potencial, coerente com a política de longa data dos EUA, em algum tipo de crise", declarou.
Kirby citou relatórios de inteligência informando que a China estaria preparando possíveis reações militares, que poderiam incluir o lançamento de mísseis no Estreito de Taiwan ou incursões de "grande escala" no espaço aéreo de Taiwan.
Diante disso, o Ministério da Defesa de Taiwan declarou que o território está "determinado e confiante" de que será capaz de proteger a ilha das ameaças da China.
"Estamos preparando meticulosamente vários planos, e tropas adequadas serão enviadas para responder, aderindo às regras de resposta de emergência, às ameaças inimigas", disse o ministério de Taiwan, em comunicado.
Viagem é feita em avião militar
Kirby lembrou que Pelosi está viajando em um avião militar e que, embora Washington não tema um ataque direto, "aumenta os riscos de um erro de cálculo".
Ele também reiterou que a política dos EUA não mudou em relação a Taiwan. Isso implica apoio ao governo autônomo de Taiwan, ao mesmo tempo em que reconhece Pequim como representante de "uma só China".
Na semana passada, em uma conversa com Biden, Xi alertou os EUA para não "brincar com fogo" na questão de Taiwan. Na segunda-feira, o embaixador chinês na ONU, Zhang Hun, chamou a visita de Pelosi de "muito perigosa, muito provocativa".
A possibilidade de uma visita iminente de Pelosi causou uma forte queda nas ações asiáticas, nesta terça-feira. Se sua visita se concretizar, Pelosi será a mais alta autoridade dos EUA a visitar Taiwan desde seu antecessor Newt Gingrich em 1997.