Os "coletes amarelos" da França protestaram e provocaram confrontos em Paris e outras cidades neste sábado (5) um dia depois de o governo do presidente Emmanuel Macron endurecer a posição contra os manifestantes. Foram as primeiras manifestações em 2019.
O movimento, que quer destacar as dificuldades que a população enfrenta para sobreviver, teve início no final do ano passado e se voltava incialmente contra o aumento dos preços dos combustíveis. Depois, a pauta foi ampliada com reivindicações contra a política social e fiscal do governo.
Os conflitos deste sábado foram registrados especialmente na capital, durante os atos em desafio ao governo, que denuncia uma tentativa de "insurreição" e exige retorno à ordem. Macron condenou o que chamou de "violência estrema [que] veio atacar a República".
O "VIII Ato" da mobilização reuniu 50 mil pessoas – contra 32 mil do sábado anterior –, anunciou o ministro do Interior, Christophe Castaner. No fim de semana anterior ao Natal, haviam sido 65 mil manifestantes.
Este "ato VIII" da mobilização é um teste para o movimento, que desafia há um mês e meio o Executivo, apesar de ter perdido fôlego nas últimas semanas com os feriados de fim de ano.
Na manifestação anterior, em 29 de dezembro, o Ministério do Interior informou que havia 12 mil manifestantes em todo o país. Em 22 de dezembro foram contabilizados 38,6 mil, e em 17 de novembro 282 mil.
Desde o início do movimento, mais de 1,5 mil pessoas ficaram feridas, 53 delas gravemente, entre os manifestantes, e quase 1,1 mil entre as forças de segurança. Além disso, dez pessoas morreram, principalmente em acidentes nos bloqueios de estradas.
A passeata deste sábado em Paris partiu da avenina Champs-Elysées e se desenvolveu sem incidentes durante a manhã. Durante a tarde, porém, confrontos surgiram com o lançamento de projéteis contra os agentes da polícia, que responderam com gás lacrimogêneo, sobretudo nos cais do Sena, no centro da capital.
Em uma passarela do rio Sena, um agente ficou ferido e foi evacuado pelos bombeiros, segundo a gendarmeria.
Um incêndio também foi registrado em um barco-restaurante ancorado perto do Musée d'Orsay. Várias motos, um carro e latas de lixo foram queimadas no Boulevard Saint-Germain, um bairro nobre do popular centro turístico, onde foram erguidas barricadas improvisadas.
O cortejo de manifestantes reunia, durante a tarde, cerca de 4 mil pessoas, segundo a polícia. Outras cidades também viveram momentos de tensão nesta nova mobilização.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, pediu no Twitter que "todos tenham responsabilidade e respeito pela lei" após esses incidentes, e disse ter reunido representantes das forças de segurança para uma videoconferência com os representantes do Ministério do Interior sobre a situação no país.