O piloto de um avião moçambicano, acidentado na Namíbia no final de novembro, jogou o aparelho no solo "propositadamente", deixando 33 mortos - de acordo com os resultados de uma investigação preliminar divulgados neste sábado. Entre as vítimas estavam seis tripulantes e 27 passageiros, incluindo o luso-brasileiro Sérgio Miguel Pereira Soveral.
As caixas-pretas do avião mostraram que o comandante Herminio dos Santos Fernandes tinha "uma intenção clara" de derrubar o avião, declarou o chefe do Instituto Moçambicano de Aviação Civil, João Abreu, em entrevista coletiva.
As gravações revelam que o voo TM470 caiu quando Fernandes acionou o piloto automático do Embraer 190 e se trancou na cabine, ignorando sinais de alerta e não permitindo a entrada do copiloto.
?Durante esses atos é possível ouvir alarmes de alta intensidade e constantes batidas na porta, de alguém que exige entrar na cabine?, disse Abreu durante a coletiva.
Além disso, a altitude foi alterada manualmente três vezes, de 38.000 pés para 592 pés, assim como a velocidade, também modificada pelo piloto.
?O avião caiu com o piloto alerta e as razões que podem ter dado origem ao seu comportamento são desconhecidas. Naquele momento, o copiloto havia deixado a cabine e estava ausente quando tudo aconteceu?, disse o chefe do Instituto.
O voo TM 470 da LAM, a companhia nacional moçambicana, decolou de Maputo, em 29 de novembro, com destino a Luanda, capital de Angola, com 27 passageiros a bordo: cinco portugueses, um luso-brasileiro, dez moçambicanos, nove angolanos, um francês e um chinês.
Esse acidente é considerado o mais grave da história da Aviação Civil de Moçambique desde o do avião do presidente Samora Machel em 1986 na África do Sul, quando 34 pessoas morreram. A União Europeia (UE) proibiu voos dessa companhia em seu espaço aéreo em 2011.
Santos Fernandes acumulava 9.053 horas de voo. Desse total, 1.395 foram feitas como comandante. Em abril de 2012, sua licença foi renovada, segundo a companhia moçambicana.