Um hacker contra o aborto no Reino Unido foi condenado nesta sexta-feira a três anos de prisão por roubar dados de 10 mil mulheres que passaram pela maior clínica de planejamento familiar do país. James Jeffery, 27 anos, era membro do grupo hacker Anonymous e planejava publicar os nomes, endereços de e-mail e números de telefone de milhares de mulheres que fizeram abortos. As informações são do jornal The Guardian.
Os prontuários médicos teriam sido obtidos no site do Serviço Britânico de Aconselhamento sobre Gravidez (BPAs). O ex-engenheiro de software utilizou o Twitter para divulgar seu feito e, como não ocultou o endereço de IP de seu computador, foi preso pela polícia em casa, no condado de West Midlands, no dia 9 de março.
Jeffery, que tinha condenações anteriores por roubo, assalto e cultivo de maconha, também se declarou culpado por outros dois crimes envolvendo acesso a informações restritas.
A corte que o julgou foi informada de que o hacker tinha como alvo o BPAs porque não concordava com as decisões de duas mulheres que ele conhecia de interromper a gravidez. Além de roubar os dados do site, ele também desconfigurou a homepage com um logotipo do grupo Anonymous e postou um selo anti-aborto. "Um feto não tem opinião, escolha ou quaisquer direitos", escreveu Jeffery. "Quem deu o direito de matar uma criança e lucrar com seu assassinato?", acrescentou.
Na sentença, o juiz declarou: "Aqueles que acham repugnante o aborto não podem usá-lo como uma desculpa para cometer crimes". O magistrado também afirmou que muitas das mulheres que tiveram seus registros roubados eram "vulneráveis". E completou: "Você tem de pensar por alguns segundos sobre as consequências terríveis que essa ameaça criou."