Congressistas americanos pedem desculpas ao Chile por golpe de Pinochet

O golpe de Estado de 1973 no Chile resultou na queda do presidente Salvador Allende

Projeção da imagem do presidente deposto, Salvador Allende e da esposa | Javier Torres / AFP
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Um grupo de congressistas dos Estados Unidos apresentaram, nesta quinta-feira, 21, uma resolução com pedido de desculpas pelo envolvimento de Washington no golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet no Chile. Além disso, instaram o governo americano a divulgar mais documentos relacionados a esse evento histórico. A resolução expressa "profundo pesar pela contribuição dos Estados Unidos na desestabilização das instituições políticas do Chile e do processo constitucional".

Os legisladores reconhecem a participação dos Estados Unidos na consolidação da ditadura militar repressiva do general Pinochet durante esse período turbulento da história chilena. Este acontecimento ocorre pouco antes da chegada do presidente chileno, Gabriel Boric, a Washington, após sua participação na Assembleia Geral da ONU em Nova York.

O golpe de Estado de 1973 no Chile resultou na queda do presidente Salvador Allende, que estava disposto a convocar um plebiscito para tentar resolver a profunda crise política e econômica que o país enfrentava. As Forças Armadas, lideradas por Pinochet e apoiadas pelos Estados Unidos em meio à Guerra Fria contra a influência soviética, depuseram Allende após mil dias no poder.

Recentemente, a pedido do Chile, o Departamento de Estado dos EUA tornou públicos fragmentos de dois documentos de 1973, revelando que o ex-presidente americano Richard Nixon tinha conhecimento dos planos militares para depor Allende. No entanto, os congressistas acreditam que o presidente Joe Biden deve ir além, garantindo a divulgação completa dos arquivos restantes relacionados aos eventos que antecederam, ocorreram e sucederam o golpe militar.

Os arquivos desclassificados indicam que Nixon deu ordens para que a CIA "fizesse com que a economia gritasse" e bloqueasse secretamente a posse de Allende. Sob a supervisão do então assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger, a CIA buscou criar um "clima golpista" e "criar as melhores condições possíveis" para facilitar a ascensão dos militares ao poder.

Bernie Sanders, congressista independente e um dos impulsionadores da resolução, junto com os democratas Tim Kaine, Alexandria Ocasio-Cortez, Joaquín Castro e Greg Casar, afirmou em nota que é crucial reconhecer e lamentar a participação dos EUA, comprometendo-se a apoiar a democracia chilena. Ocasio-Cortez destacou a necessidade de reconhecer o "passado complicado" dos Estados Unidos e exigiu a divulgação de mais arquivos, afirmando que o povo do Chile e as vítimas da violência de Pinochet merecem respostas. A resolução também parabeniza o povo chileno pela reconstrução de uma democracia forte e resiliente, reforçando o compromisso do Congresso americano em esclarecer a verdade e participar dos esforços nesse sentido.

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