As discussões para a formação do próximo governo interino da Líbia já estão em andamento e uma decisão é esperada em cerca de duas semanas, disse o chefe do Conselho Nacional de Transição nesta segunda-feira (24).
Mustafa Abdel Jalil disse que o conselho iria discutir na próxima semana quem iria liderar o novo governo, substituindo Mahmoud Jibril, que renunciou no final de semana.
Abdel Jalil, que no domingo disse que a Líbia havia adotado a sharia (lei islâmica) como fonte de sua legislação, tentou amenizar os temores de que o país possa se voltar para o extremismo religioso.
"Quero certificar a comunidade internacional de que nós, líbios, somos muçulmanos moderados", disse.
Investigação
Ele também afirmou que foi formado um comitê para investigar a morte de Muammar Kadhafi, ocorrida na quinta-feira passada em circunstâncias que levantaram suspeita da comunidade internacional.
"Em resposta aos apelos internacionais, começamos a instaurar uma comissão encarregada de investigar as circunstâncias da morte", disse.
A viúva de Kadhafi e várias organizações internacionais, entre elas a ONU (apoiada, por sua vez, pelos Estados Unidos), pediram uma investigação sobre a morte de Kadhafi na quinta-feira em Sirte, após ter sido capturado vivo.
O ministro da Defesa britânico, Philip Hammond, considerou no domingo que a reputação das novas autoridades líbias ficou "um pouco ofuscada" pela morte de Kadhafi.
"Não é uma forma de proceder, não é a maneira pela qual nós gostaríamos que acontecesse", acrescentou.
O médico que realizou no domingo a autópsia do cadáver de Kadhafi, o doutor Othman El Zentani, declarou que o ex-ditador morreu "baleado", mas negou-se a dar mais informações, indicando que seu relatório ainda não estava "finalizado".
Abdel Jalil também anunciou a instauração de um governo de transição "dentro de duas semanas".
"Começamos as discussões (sobre a formação de um governo) e esta questão não levará um mês, mas terá terminado dentro de duas semanas", indicou na coletiva de imprensa.
As novas autoridades líbias proclamaram no domingo a "libertação" da Líbia em uma cerimônia pública realizada em Benghazi (leste).
Segundo o plano anunciado pelo CNT, a formação do governo interino estava inicialmente prevista para um mês após o anúncio da libertação do país.
Em um prazo de oito meses, no mais tardar, está prevista a organização de eleições constituintes, seguidas de eleições gerais um ano mais tarde.