Um juiz britânico decidiu que Julian Assange, o criador do site WikiLeaks, pode ser libertado após pagar fiança. A corte de Westminster, no centro de Londres, ainda não emitiu um veredicto quanto ao pedido de extradição da Suécia, país que acusa o australiano de assédio sexual e estupro.
A fiança para que Assange possa aguardar em liberdade o restante do processo que decidirá sobre sua extradição à Suécia foi estipulada em 200 mil libras (cerca de R$ 535 mil).
A corte britânica também decidiu que a Procuradoria-Geral sueca tem duas horas para apelar da decisão. Até que a Justiça do Reino Unido decida sobre os pedidos enviados pelos suecos, Assange não poderá ser libertado.
De acordo com o jornal britânico "The Guardian", entre as condições impostas pelo juiz estão o confisco de seu passaporte, um toque de recolher e um identificador eletrônico.
O diário adiantou ainda --sem confirmação oficial-- que a próxima audiência de Julian Assange será no dia 11 de janeiro de 2011.
Mais cedo a emissora britânica BBC havia informado que ao menos dez celebridades britânicas haviam se prontificado a ajudar no pagamento de uma potencial fiança estabelecida pela corte, entre elas o cineasta Ken Loach, a milionária Jemima Khan e o jornalista investigativo australiano John Pilger -- todos estavam presentes durante a audiência desta terça-feira.
Ainda segundo o "Guardian", uma amiga de Assange, a proprietária de restaurantes Sarah Saunders, assinou uma declaração oferecendo 150 mil libras, dizendo que era quase todo o patrimônio que possui.
AUDIÊNCIA
Assange foi fotografado ao chegar à corte de Westminster, trazido por uma van da polícia britânica. O "Guardian" publicou uma foto do australiano dentro de um carro de polícia blindado, sendo levado para a audiência.
Desde a última terça-feira (7), quando se entregou à polícia britânica, Assange está preso após a corte de Westminster decidir que ele deveria ser mantido sob custódia ao menos até a próxima audiência.
Assange poderá ser extraditado para a Suécia, onde é acusado de assédio sexual e estupro contra duas mulheres.
Mark Stephens, o advogado do australiano, dissera mais cedo nesta terça-feira que seu cliente estava disposto a ser monitorado eletronicamente e a permanecer no mesmo endereço como parte das condições de sua liberdade provisória.
CRÍTICAS
Mais cedo, em comunicado, Assange criticou as operadoras Visa, MasterCard e o site de pagamentos PayPal por terem cancelado os serviços à sua organização, classificando-os como "instrumentos de política externa dos EUA".
"Agora sabemos que Visa, Mastercard e PayPal são instrumentos da política externa dos Estados Unidos. É algo que ignorávamos", afirmou Assange de uma penitenciária do Reino Unido a sua mãe, Christine, que repassou o comunicado à emissora Channel 7.
"Faço um chamado a todo o mundo para meu trabalho e meus funcionários sejam protegidos destes ataques imorais e ilegais", disse.
Na semana passada, as operadoras de cartões de crédito Visa e Mastercard anunciaram a suspensão das transferências para o WikiLeaks.
A Visa destacou que aguardava "elementos adicionais" para saber se a atividade do portal está de acordo com suas regras de funcionamento, enquanto a Mastercard qualificou a atividade do site de "ilegal".
A PayPal reativou a conta do WikiLeaks, liberando os fundos disponíveis, mas adotou certas restrições e advertiu que não aceitaria novos pagamentos até nova ordem.
Os sites do PayPal, Visa e Mastercard foram alvos de ataques virtuais de simpatizantes do WikiLeaks.
CIBERATAQUES
Em função da audiência de Assange nesta terça-feira, em Londres, o governo britânico anunciou estar preparado para potenciais ciberataques em defesa do australiano.
O governo britânico se diz especialmente preocupado pela possibilidade de os hackers, que vem agindo em represália por uma detenção que consideram política, atacarem sites relacionados com as devoluções da Fazenda ou determinadas prestações sociais.
Anteriormente, os ativistas atacaram empresas como MasterCard, Visa, PayPal e Amazon, acusadas de terem cedido à pressão do governo americano para romper seus vínculos com a WikiLeaks e Assange.