Crise Hídrica: População do Uruguai é obrigada a beber água salgada

Após mudança de sustâncias na água potável, população uruguaia vai ás ruas pedindo por água doce novamente.

Uruguaios reclamam de qualidade da água adaptada pelo governo para controlar crise hídrica | Reprodução - Foto: iStock
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Em decorrência da escassez de chuva no último mês, o país Uruguai vem passando por uma das maiores crises hídricas da história, além dos reservatórios de água doce do país estarem se esgotando. A represa que é responsável por abastecer mais da metade da população, trabalha atualmente só com cerca de 6% da sua capacidade, nível calculado como o mais baixo desde os anos 50. Partindo disso, o governo do Uruguai optou por abastecer a população com "água salgada".

Possuindo um população de cerca de 3,4 milhões de habitantes, o estuário Rio Prata ficou responsável por disponibilizar sua água salobra que percorre as torneiras da capital do Uruguai, Montevidéu. No início do mês de maio, os moradores da cidade começaram a reclamar, pois a água que saía pelas torneiras possuía um gosto salgado, em decorrência do ato da insituição OSE ter fornecido aos habitantes uma mistura de água potável com a água natural retirada do Rio de Prata. 

Procurando uma forma de estabilizar os níveis hídricos do país e não prejudicar a população, a entidade optou por  alterar os níveis máximos, porém aceitáveis, de sódio e de cloreto na água, medida essa que foi tomada com o acordo do Ministério da Saúde, o que provocou muitas manifestações e protestos, como os que tomaram as ruas de Montevidéu nessa quarta-feira (31).

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Por conta do receio da qualidade da água com a sáude, os moradores começaram a comprar garrafas de água mineral em comércios e supermercados, já que no país, a água ingerida por eles é oferecida pelo encanamento de água das residências. Os garrafões de água estão começando a desaparecerem das prateleiras. Por conta da crise de opinião pública gerada, o ministro uruguaio do Meio Ambiente afirmou no início do mês, dia 11 de maio, que a água disponibilizada é apta para o consumo humano, mesmo que não cumpra com os requisitos necessários para ser considerada potável. 

"Antes eu bebia direto da torneira e não tinha gosto ruim. Agora nem pensar", conta María Esther Fernández, uma aposentada de 72 anos, moradora da capital.

Com a crise hídrica, a indignação da população contra o governo do presidente Luis Lacalle Pou so se disseminou mais ainda, os protestos criticando a postura do governo, que ao invés de disponibilizarem uma água "salgada", deveriam ter tomado medidas preventivas para que houvesse uma redução do consumo de água quando já se tinha o conhecimento de que as chuvas seriam insuficientes para garantir o abastecimento da população.

"Por que chegamos a essa crise? Estamos passando por uma seca muito importante, justamente por causa da mudança climática, mas poderíamos tê-la enfrentado de outra forma. Sabíamos que isso ia acontecer e não havia planejamento ou plano de contingência para a crise que estamos vivendo”, denuncia MarÍa Selva, membro da rede Amigos da Terra do Uruguai.

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