Depois de o presidente da República Michel Temer (PMDB) ser eleito o Brasileiro do ano pela revista Istoé e o presidente eleito norte-americano Donald Trump ser escolhido a personalidade de 2016, pela revista Times, chegou a vez da presidente cassada Dilma Rousseff pontuar em uma das listas de fim de ano. Eleita pelo jornal britânico Financial Times como uma das mulheres do ano, Dilma divide a lista com personalidades como a democrata Hillary Clinton e a ginasta Simone Biles.
O espaço concedido a Dilma faz parte de uma série de entrevistas e perfis exibidos pela publicação nesta quinta-feira (08/12) com as consideradas "Mulheres do Ano". Além de Dilma, também há entrevistas com a primeira-ministra britânica, Theresa May; com Simone Biles, considerada a maior ginasta de todos os tempos; com a escritora e apresentadora de TV britânica do ramo de culinária Mary Berry, e um perfil da gerente de campanha do então candidato Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Kellyanne Conway, entre outras.
A matéria da publicação britânica é entitulada com uma das frases pronunciadas por Dilma Rousseff, em entrevista ao jornal: "Uma mulher com autoridade é chamada de dura, o homem é chamado de forte".
Para o jornal, Dilma está mais para uma "tecnocrata nerd" que para uma política nata. "Ela nunca está mais feliz do que quando discute os detalhes íntimos do Orçamento federal, com a ajuda do PowerPoint", diz o texto, que ainda ressalta outra recente paixão da petista: a bicicleta.
"A melhor coisa que um ser humano pode fazer é andar de bicileta. Você pode dar um passeio, mas a bicicleta lhe dá uma sensação muito maior de liberdade", afirma Dilma durante a entrevista.
A Financial Times ressalta ainda todos os episódios que eclodiram no impeachment da presidente cassada e chama Lula de "um guerrilheiro marxista".
De acordo com a publicação, Dilma é vista publicamente como uma mulher mal-humorada mas, pessoalmente, é amigável e informal. Além disso, ela é chamada pelo texto de dogmática.
"Nascida em 1947 na cidade mineira de Belo Horizonte, no sudeste do Brasil, a professora brasileira e advogada comunista búlgara, começou a combater a ex-ditadura militar do país, com apenas 16 anos", diz o jornal. "Ela foi torturada, uma experiência que fez com que seus oponentes no processo de impeachment soubessem que ela iria resistir a qualquer coisa [ao invés de renunciar]", afirma o texto.
Em entrevista para a matéria, Dilma disse que não pretende disputar mais nenhum cargo eletivo, embora siga 'politicamente ativa". A entrevista afirma ainda que não existe nenhuma acusação de corrupção contra Dilma e que, formalmente, ela deixou o governo devido a suas políticas econômicas, embora, na realidade, a queda de sua popularidade tenha sido um desdobramento da Operação Lava Jato.