Pelo menos mil pessoas foram detidas no Egito desde terça-feira, início das manifestações contra o regime do presidente Hosni Mubarak, segundo os serviços de segurança.
As forças de segurança estavam presentes no centro do Cairo na manhã desta quinta-feira (27), após dois dias de manifestações sem precedentes contra Mubarak, que está no poder há três décadas.
Os manifestantes prometiam continuar os protestos, que já deixaram seis mortos e dezenas de feridos.
O movimento Juventude 6 de Abril, uma organização pró-democracia que está por trás das manifestações, pediu aos egípcios a continuidade dos protestos, inspirados na revolta tunisiana que derrubou o presidente Zine El Abidine Ben Ali.
"Quinta-feira não será um dia de descanso, as ações nas ruas prosseguirão", afirma a página do grupo no Facebook.
Mercados
A Bolsa de Valores do Cairo teve de interromper o pregão nesta quinta, por conta da forte queda no valor das ações em meio à incerteza política.
As negociações deveriam ser retomadas poucos minutos depois da suspensão, provocada pela baixa de 6,2%, informou a Bolsa em um comunicado.
Na quarta, a Bolsa do Cairo fechou em queda de 6%.
Vítimas
Um policial e um manifestante morreram na quarta no centro do Cairo, informaram fontes médicas, o que eleva a seis o número de mortos nos maiores protestos antigovernamentais registrados no Egito em 30 anos.
Os dois morreram na rua, depois de confrontos no distrito Bulaq Abul Ela, enquanto a polícia e manifestantes atiravam pedras uns nos outros, depois que as forças dispararam bombas de gás lacrimogêneo, acrescentaram os médicos.
Os outros mortos foram três protestantes na cidade de Suez e outro policial na capital.
Mais cedo, manifestantes antigoverno atearam fogo a um prédio governamental em Suez e tentaram queimar o escritório do partido governista na cidade, mas foram impedidos a tempo pela polícia.
O comércio teve de ser fechado na cidade, porque houve relatos de saques. Pelo menos 50 pessoas ficaram feridas em confrontos com a polícia, segundo testemunhas.
Opositor volta
O opositor egípcio Mohamed ElBaradei, que respalda as atuais manifestações antigovernamentais, retornará ao Cairo nesta quinta, procedente de Viena, informou sua família.
O ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) retornará ao Egito a partir de Viena, afirmou seu irmã Ali ElBaradei, mas sem confirmar se a volta está diretamente relacionada com os últimos acontecimentos no país, onde os manifestantes tomaram as ruas para protestar contra o governo.
ElBaradei é muito crítico do regime do presidente Mubarak.
"Se os tunisianos fizeram, os egípcios também devem conseguir", declarou à revista alemã Der Spiegel ao comentar uma possível inspiração da "Revolução do Jasmim" da Tunísia no Egito.
ElBaradei não possui um partido reconhecido, mas formou um movimento, a Associação Nacional para a Mudança, que defende reformas democráticas e sociais.