Na procissão pela cidade de Oppido Mamertina, em 2 de julho, o grupo que seguia a estátua da Virgem Maria incluía o prefeito local, padres e policiais. Mas a massa popular desviou-se de seu curso e foi à casa de Giuseppe Mazzagatti, 82, condenado por assassinatos e por sua associação à Máfia.
Ao menos dois policiais abandonaram a procissão e fizeram uma queixa oficial, e o Ministério do Interior descreveu o episódio como "deplorável".
Procissões religiosas são comuns em pequenas cidades italianas durante o verão - às vezes com apoio financeiro de mafiosos. As homenagens a esses líderes também são comuns, algo que frequentemente é criticado por autoridades católicas.
Oppido Mamertina é um bastião da máfia calabresa, a "Ndrangheta, uma das organizações criminosas mais poderosas da Itália, ao lado da Cosa Nostra e da Camorra. A polícia afirmou que está investigando possível conluio entre líderes da procissão e Mazzagatti, a partir de imagens da procissão.
Papa
Correspondentes da BBC dizem que a máfia historicamente se beneficiou de laços com a Igreja Católica, e padres faziam vista grossa a seus crimes. Mas o caso em Oppido Mamertina ocorre apenas duas semanas após o papa Francisco ter feito críticas públicas à máfia "Ndrangheta, excomungando-a e chamando-a de "adoradora do mal" em uma missa no mês passado.
O episódio é visto, por isso, como um ato de afronta ao papa.
O bispo local Francesco Milito lamentou o fato de os padres presentes não terem tido a coragem de abandonar a procissão em questão (como fizeram os policiais) quando ficou claro que ela se dirigiria à casa de Mazzagatti.
Quanto à suspensão das procissões, Milito afirmou se tratar de "um gesto de cautela, um convite à reflexão e ao silêncio de que precisamos agora. É um ato de amor à nossa igreja".