Foi numa tarde de domingo em família que a jornalista alemã Greta Taubert pensou pela primeira vez sobre o fim do sistema capitalista. Depois do almoço, ao redor da mesa ainda farta de comida, ela percebeu que todos os seus parentes - menos ela - haviam vivido em sistemas que ruíram: os pais na antiga Alemanha Oriental, os avós no início do Reich de Hitler e os bisavós em uma monarquia. Com recursos escassos, eles souberam se virar. Mas, se o capitalismo tivesse o mesmo fim, ela sobreviveria?
Greta percebeu que sem o principal foco do sistema, o consumo, ela não sabia fazer quase nada sozinha. Foi então que ela teve uma ideia: ensaiar por um ano como seria a vida sem gastar absolutamente nada. Decidiu tirar um "ano sabático" das compras, e passou a aprender como fazer tudo na vida: desde matar um animal para comer até fabricar os próprios móveis e plantar.
"Minha experiência era sobre quebrar as correntes da sociedade de consumo. Pouco a pouco, queria conquistar minha independência da indústria, da publicidade e do capital", disse a jornalista.
"Fiz uma dieta de compras, comi só carne de animais em que eu mesma atirava e os abatia, reduzi minha alimentação pouco a pouco de vegetariana para vegana, depois freegan (a partir de containers de supermercados), depois para uma alimentação vegana de alimentos-cultivados-em-casa até chegar a só-frutas-frescas-e-ervas. Vivia com apenas três litros de água por dia, tentei implantar os conceitos de doação, compartilhamento, permuta, faça-você-mesmo e carona sem dinheiro pela Europa."
Apesar de ter usado internet algumas vezes "para explorar a economia colaborativa, sites de troca de roupas, sapatos e acessórios" e para "descobrir como fazer coisas com sobras", ela diz que conseguiu mais ajuda com vizinhos e amigos sobre como se virar com absolutamente tudo sem consumir.
Depois de um ano, alguns quilos perdidos e dinheiro poupado, ela escreveu um livro que publicou na Alemanha em fevereiro chamado "Apocalypse Now" - como o filme de Fracis Coppola sobre a Guerra do Vietnã de 1979. "Comecei com uma perspectiva pessimista de como o mundo ocidental entraria em colapso e eu afundaria junto. Mas quanto mais eu entrava em ação, experimentando e brincando, mais descobria a alegria de uma nova sociedade em potencial."