Entenda o que está acontecendo na Síria e quais os próximos passos

Ditador estava no cargo havia 24 anos e saiu do país após rebeldes anunciarem tomada do poder em uma ofensiva relâmpago iniciada há 10 dias.

Rebeldes na Síria | EPA
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A Rússia afirmou, neste domingo (8), que o ditador sírio Bashar al-Assad, há 24 anos no poder, deixou seu país e ordenou uma "transição pacífica de poder". O território foi dominado por grupos rebeldes, que não encontraram resistência militar na invasão.

Segundo a agência de notícias Reuters, um avião da Syrian Air decolou do aeroporto de Damasco no momento em que houve a ocupação dos rebeldes. A aeronave inicialmente teria voado em direção à região costeira da Síria, um reduto da seita alauita de Assad, até fazer uma curva brusca e prosseguir na direção oposta. Minutos depois, sumiu do mapa, mostra o site Flightradar.

"O avião desapareceu do radar, possivelmente o transponder [transmissor de rádio na cabine do piloto] foi desligado, mas acredito que a maior probabilidade é que a aeronave tenha sido derrubada,” disse uma fonte síria à Reuters, sem entrar em maiores detalhes.

O único voo rastreável partindo da Síria, visível após a meia-noite nos sites de monitoramento aéreo, deixou Homs em direção aos Emirados Árabes Unidos. A decolagem ocorreu horas depois de os rebeldes capturarem a cidade, afirmam agências internacionais.

Quem falou com Assad mais recentemente?

De acordo com o "The New York Times", o primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, afirma que conversou por telefone com o ditador Assad no último sábado (7), mas não conseguiu mais entrar em contato com ele desde então. A Rússia, sem dar maiores detalhes, informa que Assad deixou a Síria e ordenou uma transição pacífica de poder.

Qual a reação da população na Síria?

Segundo testemunhas, milhares de pessoas, a pé e em carros, reuniram-se na praça principal de Damasco, acenando e gritando "Liberdade" após o domínio da capital.

Em um pronunciamento ao vivo na TV local, os rebeldes comemoraram o que chamaram de "queda de Assad" e afirmaram estar libertando pessoas que foram injustamente presas durante o regime do ditador.

Nas redes sociais, vídeos mostram rebeldes e civis saqueando residências oficiais de Assad. Imagens da agência Reuters exibem homens carregando móveis e gritando: "Este é o dinheiro do povo!". Itens da marca de luxo Louis Vuitton, edredons e lençóis de linho também foram levados, afirma a imprensa internacional.

Ainda há chance de o regime de Assad sobreviver?

Segundo a Reuters, o primeiro-ministro sírio afirmou que estava disposto a apoiar a continuidade do governo, mesmo após a fuga de Assad.

Por outro lado, segundo a Rússia, o próprio Assad já instruiu, após fugir do país, uma transição de poder fosse feita de forma pacífica.

O líder da oposição síria, Hadi al-Bahra, baseado na Turquia, anunciou à Al Jazeera que representantes do grupo se reunirão com países árabes e europeus e com a ONU para discutir e definir a próxima fase do processo político na Síria.

O que diz o líder dos rebeldes?

Abu Mohammed al-Golani, líder do grupo rebelde que afirma ter derrubado o ditador sírio, afirmou neste domingo (8), em pronunciamento lido pela TV estatal, que "o futuro é nosso".

"Não há chance de voltar atrás, estamos determinados a continuar o caminho que começamos em 2011", diz o texto, em referência ao início da revolta contra o ditador.

Nos últimos doze anos, al-Golani trabalhou para reformular sua imagem pública, afastando-se de seu parceiro de longa data, o grupo terrorista al-Qaeda. O líder tenta, aos 42 anos, aprimorar sua reputação e obter o apoio de governos internacionais e de minorias religiosas e étnicas no país, por meio de um discurso de pluralismo e de tolerância.

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