Nova Déli voltou a ser palco de intensas mobilizações populares nesta segunda-feira (222) após o registro do estupro de uma menina de cinco anos na última semana na capital indiana, onde hoje foi confirmado um novo caso de abuso sexual de uma menor da mesma idade.
O principal protesto acorreu no "manifestódromo" de Jantar Mantar, onde os manifestantes romperam as barreiras instaladas pela polícia para seguir em direção ao Parlamento indiano, informou a emissora local NDTV.
Após os incidentes com as forças de segurança, Nandini Rao, uma ativista de um coletivo cidadão contra o assédio sexual, afirmou à agência de notícias Efe em Jantar Mantar que "a atitude da polícia e dos políticos" precisam ser revisadas perante os casos de estupro.
"Como isso pode ter ocorrido? O homem que estuprou a menina de cinco anos não tinha medo, tanto que realizou a ação no mesmo edifício em que ela vivia. É muito injusto. Não tenho palavras para descrever tanta tristeza", declarou Nandini.
Outra ativista, a advogada americana Kerry McBroom, da Human Rights Law Network, relatou à Efe que a lei anti-estupro aprovada no último mês de março na Índia "não é suficiente: os homens devem respeitar às mulheres, enquanto a polícia deve levar esses crimes mais a sério".
De acordo com as investigações, a menina desapareceu última na segunda-feira e só foi encontrada na quarta, quando a família descobriu que a mesma estava na casa de um vizinho do mesmo edifício, que foi detido no nortista estado de Bihar, ao escutar seus gritos.
Um segundo suspeito envolvido neste caso de estupro foi detido ontem, também em Bihar. Os agressores estupraram a menina em repetidas ocasiões e, além disso, também utilizaram objetos como garrafas e velas, enquanto a menina não recebeu comida e nem água nos dois dias em que esteve sequestrada.
Segundo a imprensa local, os detidos são dois rapazes de 22 e 19 anos de idade.
Acusadas de não querer registrar a denúncia e de tentar subornar a família para não fazê-la, as forças da ordem apresentaram finalmente acusações de estupro e tentativa de assassinato contra os suspeitos.
O comissário de polícia de Nova Déli, Neeraj Kumar, rejeitou hoje apresentar o pedido de renúncia - como tinham pedido vários setores da sociedade - para se responsabilizar pelas negligências do corpo policial em relação a este caso de violação.
A menor, que permanece internada, "apresentou sinais de recuperação gradual", segundo o médico D.K. Sharma, que assegurou à imprensa local que a menina já começou a tomar líquidos e comida "semi-sólida".
No mesmo hospital, outra menina de cinco anos vítima de estupro se encontra internada. Segundo os relatados da própria menina à equipe médica, ela foi abandonada ali por sua família na última semana, informou hoje a emissora local "NDTV".
A onda de indignação e protestos que acontece desde dezembro na Índia gerou um debate sem precedentes em relação à situação da mulher e conduziu o Parlamento nacional a aprovar uma lei para endurecer as penas contra agressores sexuais em março.
No entanto, muitos observadores criticaram que, apesar do impulso protetor do Legislativo, a lei gerou apenas um corte nas liberdades de meninas adolescentes e mulheres em uma sociedade majoritariamente conservadora.