Estados Unidos, União Europeia (UE), Ucrânia e Rússia se reunirão na próxima quinta-feira (17) em Genebra para tentar interromper a escalada de tensão no leste da Ucrânia, onde as milícias pró-russas e as autoridades de Kiev mantêm nesta quarta-feira (26) suas hostilidades com gestos de força de ambas partes.
A ideia da reunião de quatro partes nasceu no início deste mês de uma conversa entre os responsáveis de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e dos EUA, John Kerry, que depois mostraram seu ceticismo que alguma solução surja na mesma, embora tenham decidido manter aberta esta via diante da falta de alternativas.
Em termos logísticos, os Estados Unidos são os organizadores da reunião, na qual também confirmaram presença o ministro de Relações Exteriores ucraniano, Andriy Deschitsa, e a chefe de Política Externa da UE, Catherine Ashton.
Os participantes chegarão esta noite à Suíça, segundo confirmaram suas representações diplomáticas, com exceção de Lavrov, que chegará amanhã cedo para a reunião. Foi confirmado também que Kerry se reunirá antes, e separadamente, com Ashton e Deschitsa.
O primeiro desafio comum será aproveitar as poucas horas de encontro - aproximadamente quatro, embora tudo possa mudar em função do que se converse - para obter algum resultado que permita normalizar gradualmente as relações entre Ucrânia e Rússia.
Diplomatas que participam da organização da reunião indicaram que não há uma agenda formal de discussão estipulada entre as partes e que cada qual chegará para expressar suas posições.
A Ucrânia, que nesta ocasião se sentará frente à Rússia com o respaldo de Washington e da UE, destacou hoje que suas exigências são claras: os russos devem parar de apoiar os "terroristas" que operam no leste do país e condenar suas ações, assim como retirar suas tropas e material bélico da fronteira.
A Otan apresentou publicamente fotografias de satélite que mostram a presença de até 40 mil soldados russos em uma área muito próxima à fronteira com a Ucrânia.
Kiev também reivindicará que seja revogada a decisão do Legislativo russo de autorizar o uso de tropas em território ucraniano e anular a anexação da Crimeia, uma possibilidade na qual ninguém acredita.
A Rússia condicionou várias vezes nos últimos dias sua presença na reunião de amanhã, particularmente se o governo interino de Kiev, até a realização de eleições, no próximo dia 25 de maio, lançasse alguma ofensiva contra as milícias pró-russas.
Os ultimato lançados pelo presidente ucraniano, Aleksandr Turchinov, expiraram um após o outro, provavelmente pelo pretexto que teria sido para uma eventual intervenção militar russa, que afirma que seu único objetivo é proteger a população de origem russa que se concentra no leste da Ucrânia.
No entanto, os objetivos com os quais chega a delegação russa a Genebra se distanciam muito dos de seus interlocutores.
Segundo Lavrov, há uma minuta de agenda que inclui a necessidade de diminuir a tensão através do desarmamento de grupos ilegais, mas também de uma reforma constitucional, que para a Rússia deve estabelecer um modelo federal para a Ucrânia.
Kiev antecipou que não pensa em discutir "assuntos internos" em Genebra, mas reconheceu a necessidade de uma descentralização do país. O ministro russo também considerou que a reunião de quatro partes é importante na medida que incorpora na mesa de discussões os "que levaram ao poder" o governo dirigido por Turchinov.
Em momentos em que a Otan decidiu reforçar sua presença nos países do leste da Europa, Washington deseja que a reunião de amanhã conclua, se não com um acordo, pelo menos com uma declaração de boas intenções, disseram fontes diplomáticas.