Os líbios lutarão contra as potências ocidentais caso seja imposto uma zona de exclusão aérea ao país africano, disse o ditador Muammar Kadhafi nesta quarta-feira (9) em uma entrevista ao canal estatal turco TRT. "Se eles tomarem tal decisão será útil para a Líbia, pois aí os líbios verão a verdade, que o que eles querem é controlar o país e roubar o petróleo. Aí os líbios pegarão em armas contra eles", disse Kadhafi, que luta contra manifestações que se tornaram guerrilhas antigoverno nas três últimas semanas.
Kadhafi reagiu à ideia de britânicos e americanos em impor uma zona de exclusão aérea para evitar que aviões atacassem rebeldes antigoverno no país.
Em comentários separados, Kadhafi conclamou líbios do leste do país a retomar o território, dominado pela oposição. Forças leais ao ditador, há 42 anos no poder, têm lutado contra rebeldes no leste, bem como em diversas cidades próximas à capital Trípoli, onde ele tem o controle total.
A televisão estatal líbia também transmitiu falas de Kadhafi ao abordar um grupo de jovens da cidade de Zintan, 120 km a sudoeste de Trípoli. Kadhafi novamente culpou militantes da rede terrorista al-Qaeda no Egito, Argélia, Afeganistão e nos territórios palestinos para a turbulência que assola seu país desde 15 de fevereiro. A televisão estatal transmitiu as imagens nesta quarta-feira, mas não informou quando elas foram gravadas.
Na entrevista à TV turca, Kadhafi disse que não há razões legítimas para uma intervenção estrangeira em seu país, insistindo que a Líbia estava apenas lutando contra a al-Qaeda, como ocorre no Afeganistão ou no Paquistão.
"Se a al-Qaeda controla a Líbia, acontecerá um imenso desastre", disse Kadhafi. "Se eles [os combatentes da al-Qaeda] tomarem este lugar, toda a região, incluindo Israel, será arrastada para o caos. Então, [o líder da al-Qaeda, Osama] Bin Laden pode aproveitar todo o norte da África, de frente para a Europa".
Posição americana
Os Estados Unidos querem que a comunidade internacional defenda uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, disse nesta terça-feira a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Segundo ela, é importante que essa não seja uma iniciativa dos Estados Unidos. "Queremos ver o apoio da comunidade internacional", disse Hillary à Sky News. "Eu acho que é muito importante que esse não seja um esforço puxado pelos Estados Unidos, porque ele vem do próprio povo da Líbia. Ele não vem de fora, ele não vem de alguma potência ocidental ou de algum país do Golfo que diz "isso é o que você deve fazer".
Ela falou ainda que é importante que a Organização das Nações Unidas (ONU), e não os Estados Unidos, decida o que deve ser feito sobre a Líbia.