Por RFI
A pandemia de coronavírus que varre a Europa desde que chegou da China fez desaparecer das prateleiras dos supermercados o álcool gel. Na capital britânica, nem as grandes farmácias conseguiram dar conta da demanda. “Desculpe o transtorno”, diz o cartaz na gôndola de uma das maiores farmácias da rede Boots de Londres.
Nem mesmo as lojas virtuais foram capazes de atender aos pedidos. Ainda que aceitem a encomenda na hora da compra, cancelam a operação minutos depois.
A história se repete pelo Reino Unido, que acaba de anunciar medidas mais radicais para tentar conter o novo salto na contaminação pelo Covid-19 (que já matou 104 pessoas), e o fechamento das escolas a partir desta sexta-feira. O país era o único da Europa que ainda não havia adotado a medida.
Diante da falta generalizada de um dos itens básicos para a proteção contra o vírus, a destilaria de gin Psychopomp & Circumstance, em Bristol, a 2h30 de carro ao Leste de Londres, decidiu fabricar o seu próprio álcool para limpar as mãos.
Para isso, não dispensa nem as ervas especiais usadas no gin que produzem normalmente. Mas a iniciativa cresceu para além das necessidades da equipe de Danny Walter, co-fundador da empresa, que, agora, oferece o produto de graça a quem se dispuser ir lá para buscá-lo.
A única exigência é que os interessados levem as suas próprias garrafinhas para encher com o refil. Embora o álcool não seja pago, a Psychopomp & Circumstance aceita doações em dinheiro que serão destinadas integralmente para o Hospital de Crianças de Bristol.
À RFI, Danny disse que a decisão de começar a produzir o álcool de 65 graus foi tomada há 10 dias.
“Fazemos dois litros por dia. Estamos doando o produto e aceitamos doações para o hospital de crianças. Mas é importante que as pessoas levem suas garrafinhas. Nem por isso, vamos começar a fazer embalagens, muito menos de plástico, não é?”, afirmou.
Ele acrescentou que as pessoas podem passar na destilaria para pegar ou acrescentar ao pedido online de gin no site.
Preocupação com estoques
Álcool gel e outros produtos ainda devem ser motivo de preocupação para os consumidores britânicos, que continuam indo aos supermercados para estocá-los, ao lado de alimentos.
Não há desabastecimento, mas os distribuidores não estão conseguindo acompanhar o ritmo da demanda.
Nesta quarta-feira, a rede de supermercados online Ocado, um das principais do país, anunciou que o site de encomendas pela internet está suspenso até sábado. A empresa já vinha tendo problemas com excesso de pedidos e atrasando as entregas.