A filha lésbica de um magnata do setor imobiliário de Hong Kong, que ofereceu mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 242,6 milhões) para um eventual pretendente se casar com a jovem, dirigiu ao pai uma carta aberta pedindo que aceite sua sexualidade.
A carta começa com um afetuoso "Querido papai" e na mesma Gigi Chao, uma jovem da alta sociedade de Hong Kong, pede de coração que seu pai Cecil trate sua companheira sentimental há nove anos, Sean Yeung, como "um ser humano normal e digno". As jovens teriam se casado em 2012 na França, mas o pai insiste em conseguir para Gigi um marido do sexo masculino, com o objetivo de garantir sua descendência.
"Sei que é difícil para você entender que me sinta atraída sentimentalmente por uma mulher. Não posso explicar isso a mim mesma. Mas são coisas que acontecem", afirma um trecho da carta, publicada no jornal "South China Morning" em sua edição desta quarta-feira (29) e distribuída a outros meios de comunicação.
A carta foi publicada depois que o pai, um bem-sucedido promotor imobiliário de 77 anos, que se nega a reconhecer que a filha é lésbica, duplicou na semana passada a oferta de dote matrimonial, alcançando um bilhão de dólares de Hong Kong (US$ 130 milhões), após uma primeira oferta de 500 milhões da moeda local há dois anos. A primeira soma atraiu 20 mil candidatos.
Em sua carta, Gigi, 33, diz que perdoa o pai porque ele agiu pensando em seu interesse. E afirma que o enganou ao fazê-lo acreditar que poderia existir esta opção para ela.
"Sinto muito por te enganar e por te fazer pensar que só mantinha uma relação lésbica porque não havia homens bons e adequados para mim em Hong Kong. Há muitos homens bons, mas simplesmente não são para mim".
Além disso, a jovem manifesta tristeza pelo fato de seu pai não participar da vida que ela mesma construiu.
"Lamento que não tenha a ideia de como estou feliz e satisfeita com minha vida, e que existam aspectos dela que não compartilhe", afirma.
Chao é dono da imobiliária Cheuk Nang, negociada na bolsa, e é um importante membro da alta sociedade de Hong Kong, aparecendo regularmente em eventos públicos com sua mais nova namorada, uma mulher muito mais jovem que ele. Segundo boatos, uma vez disse ter dormido com 10 mil mulheres.
As uniões civis entre pessoas do mesmo sexo não são aceitas neste território do sudeste da China, muito conservador, apesar de transmitir uma imagem moderna, cosmopolita e tolerante. A homossexualidade foi legalmente descriminalizada em 1991.
O cineasta britânico Sacha Baron Cohen estaria trabalhando em um filme baseado nesta história.