A França pediu neste sábado (26) aos bancos que alertem sobre qualquer movimentação financeira suspeita em torno dos bens do ditador líbio, Muamar Gaddafi, e seus funcionários. A informação foi divulgada por meio de um comunicado do órgão de combate à lavagem de dinheiro do Ministério das Finanças da França.
- Levando em conta os acontecimentos em curso na Líbia, pede-se ao conjunto de profissionais (do setor financeiro) que dêem particular atenção às medidas de vigilância previstas para todas as operações relacionadas, direta ou indiretamente, a pessoas vinculadas à Líbia.
A União Europeia decidiu na sexta-feira (25) decretar embargo sobre envio de armas e material de repressão, assim como congelar os bens e proibir a concessão de vistos a Gaddafi e seus aliados, em momentos de contínua repressão ao movimento de rebelião na Líbia.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou, também na sexta-feira, o congelamento dos bens do ditador Muammar Gaddafi no país. Os familiares do líder da Líbia, bem como aliados no governo, também não terão acesso a bens em solo americano. A decisão de impor sanções unilaterais ao regime líbio já havia sido anunciada mais cedo pelo secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney.
Além de Obama, os líderes da Alemanha e da Inglaterra já haviam concordado sobre a necessidade de impor sanções internacionais "severas" ao regime líbio o mais rápido possível, de acordo com um comunicado do porta-voz do governo alemão, Christoph Steegmans.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, acreditam que "o Conselho de Segurança das Nações Unidas precisa adotar sanções severas o mais rápido possível contra o regime de Trípoli".
"Sem controle"
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou que o ditador Muamar Gaddafi aparenta não ter mais controle da situação na Líbia.
- Parece que efetivamente Gaddafi não tem mais o controle da situação na Líbia. Se todos chegarmos a um acordo, poderemos acabar com esse banho de sangue e apoiar o povo líbio.
Berlusconi, até agora aliado do líder líbio, com o qual assinou em agosto de 2008 um tratado de amizade para tentar saldar as dívidas de mais de 30 anos de colonização italiana, destacou que o "cenário geopolítico está mudando, e que a Itália está preocupada com isso". Berlusconi fez as afirmações durante o congresso do Partido dos Republicanos italianos (centro-direita).
- Ninguém podia prever o que aconteceria na Líbia nem o que aconteceu há algumas semanas na Tunísia e no Egito, e ninguém pode prever o que ainda vai acontecer.
De acordo com Berlusconi, a evolução dos acontecimentos no norte da África é incerta e esses países podem tanto tornar-se democráticos ou ter uma liderança islâmica radical.
- A situaçãoé muito incerta, porque esses povos poderão aproximar-se da democracia, mas também poderíamos ter de enfrentar perigosos centros de integrismo islâmico.Existe o perigo de uma emergência humanitária, com dezenas de milhares de pessoas a serem socorridas.
A segurança dos libianos não é a única preocupação do governo de Berlusconi. A Itália também teme a chegada de até 300 mil imigrantes clandestinos em suas fronteiras no caso de queda do regime de Gaddafi.