O guru indiano Asaram Bapu, de 77 anos, que afirma ser um "semideus", foi declarado culpado, nesta quarta-feira, pelo estupro de uma seguidora de 16 anos em 2016, no Rajastão, no Oeste da Índia. Segundo informações de um advogado que acompanha o caso e da mídia local, ele alegou, na época, que a intenção era libertar a menina de espíritos malignos. Bapu foi condenado à prisão perpétua.
Condenações de personalidades político-espirituais são muito sensíveis na Índia, onde milhões de pessoas as seguem com devoção, o que levou o governo a se preparar para protestos violentos após a decisão da Justiça. Asaram Bapu alega que tem ex-primeiros-ministros e presidentes indianos entre seus adeptos. Como precaução, as autoridades deixaram várias regiões do país em alerta e mobilizaram milhares de policiais.
Apelidado de "Babuji", o guru, que prega justamente a renúncia dos desejos sexuais, sempre negou ter estuprado a adolescente. Ele denunciou os processos como uma espécie de conspiração política.
Mas este não é o único caso em que o idoso está envolvido. O guru é acusado de outro estupro e envolvimento no assassinato de dois estudantes. Pelo menos dois de seus ex-colaboradores, que se voltaram contra ele e se tornaram testemunhas-chave nessas investigações, foram mortos em 2014 e 2015. Apesar disso, seus sermões atraíram multidões enormes, e ele ainda mantém uma importante base de discípulos no Oeste da Índia. Sua organização é avaliada em centenas de milhões de dólares.
Em 2013, Bapu disse que uma vítima de estupro coletivo que foi morta após o crime teve tanta culpa pelo que aconteceu quanto seus agressores. Na época, uma estudante de 23 anos estava em um ônibus quando foi atacada e depois não resistiu aos ferimentos, morrendo em um hospital da região. Para o guru, a jovem deveria ter sido mais gentil. Os comentários geraram revolta entre políticos e internautas.