Haiti vive pior crise humanitária por furacão que matou 877

Haiti vive pior crise humanitária em 6 anos

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Subiu para 877 o número de mortes provocadas pela passagem do furacão Matthew no Haiti, naquela que é considerada a pior crise humanitária do país desde o terremoto de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas.

A contagem é da agência Reuters, com base em números do governo e de organizações humanitárias. Ao menos sete pessoas morreram de cólera, doença que assombra os médicos haitianos desde o surto registrado logo depois do terremoto.

A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) afirmou na quinta (6) que já se preparava para o surto de cólera, devido à contaminação da água pelas inundações.

Segundo a Defesa Civil, 61.500 pessoas estão desabrigadas, a maioria no sudoeste e sul do país, as regiões mais devastadas durante a passagem do Matthew, entre segunda (3) e terça-feira (4), com ventos de até 230 km/h. Ele estava então na categoria 4 (de 5) na escala de furacões –enquanto passava pela Flórida nesta sexta, foi rebaixado para a categoria 2.

"Sobrevoamos partes da região da Grande Enseada [sudoeste]. É uma catástrofe humanitária", diz Frenel Kedner, funcionário do governo local em Jérémias, outra cidade do sudoeste devastada pela tempestade. "As pessoas precisam urgentemente de comida, água e remédios".

O furacão empurrou o mar na direção de frágeis vilas costeiras, algumas das quais estão sendo contactadas apenas agora, pois pontes e rodovias ficaram interditadas durante a semana por deslizamentos e enchentes.

Com isso, a ajuda demorou a chegar às áreas afetadas, e moradores acabaram tendo de ajudar uns aos outros.

"Minha casa não foi destruída, então estou recebendo pessoas, como se fosse um abrigo temporário", afirma Bellony Amazan, moradora de Cavaillon, onde dezenas morreram. Ela conta, porém, que não tem comida para dar aos desabrigados.

"Todas as nossas casas foram destruídas. Esta é nossa existência", diz um morador de Chantal, na região de Les Cayes (sul), que vendia verduras e refrigerantes em um mercado da cidade.

As sete mortes por cólera foram registradas na cidade de Anse-d'Hainault, no extremo sudoeste haitiano. Outros 17 casos da doença foram reportados em Chardonnières.

As precárias condições de vida no país mais pobre das Américas, com saneamento básico praticamente inexistente, colaboram para a disseminação da doença, que foi introduzida no Haiti por nepaleses das forças de paz da ONU, em 2010. No auge do surto, matou 9.000 pessoas.

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