Marlene Engelhorn, uma austro-alemã de 31 anos, herdou uma fortuna e está reunindo um grupo de pessoas para decidir como doar uma parte da grana que recebeu de sua avó. Residente em Viena,ela quer que 50 austríacos determinem como serão redistribuídos os 25 milhões de euros (R$133 milhões) de sua herança.
ABOLIÇÃO DE IMPOSTOS
A Áustria aboliu o imposto sobre heranças em 2008, tornando-se um dos poucos países europeus a não cobrar essas taxas, algo que Engelhorn considera uma injustiça. Descendente de Friedrich Engelhorn, fundador da empresa química e farmacêutica alemã BASF, Marlene herdou milhões quando sua avó, Traudl Engelhorn-Vechiatto, faleceu em setembro de 2022.
TOTAL DA FORTUNA
A riqueza de Traudl foi estimada pela revista Forbes em US$ 4,2 bilhões (R$ 20,4 bilhões). Antes mesmo da morte da avó, Marlene já havia declarado que queria doar cerca de 90% da herança. Já foram enviados 10 mil convites a cidadãos austríacos selecionados aleatoriamente. Dentre os 10 mil austríacos (todos com mais de 16 anos), serão escolhidos 50 para participar de um conselho que decidirá sobre a redistribuição do dinheiro, com 15 membros suplentes para casos de desistência. “Se os políticos não fazem o seu trabalho e não redistribuem a renda, então eu mesma terei de redistribuir a minha riqueza”, afirmou Marlene.
DESTINO DA FORTUNA
Ela considera isso um fracasso da política e acredita que os cidadãos devem agir. Christoph Hofinger, diretor administrativo do Foresight Institute, que apoia a iniciativa, explicou que o conselho será composto por pessoas de diversas faixas etárias, estados federais, classes sociais e origens, que contribuirão com ideias para desenvolver soluções no interesse da sociedade.
Marlene Engelhorn destaca que as discussões são um "serviço à democracia" e que os participantes devem ser compensados. Marlene afirmou que não terá direito de veto sobre as decisões do conselho, confiando plenamente nos 50 participantes.
Caso não se chegue a uma decisão "amplamente apoiada", o dinheiro retornará a Engelhorn. Embora em 2021 tenha afirmado que queria doar pelo menos 90% da herança, não está claro quanto será guardado para sua proteção financeira. Dezesseis anos após a abolição do imposto sobre heranças na Áustria, o tema permanece controverso. Os social-democratas da oposição pedem a reinstauração da cobrança. O líder social-democrata, Andreas Babler, deseja que essa questão seja central nas negociações de coligação após as próximas eleições gerais. O conservador Partido Popular, parceiro principal do governo de coligação, rejeitou a proposta. Christian Stocker, secretário-geral do partido, afirmou que rejeitam novos impostos, defendendo que as pessoas devem ficar com mais do resultado líquido.