Historiadores alemães pretendem relançar livro de Adolf Hitler

Livro é parcialmente autobiográfico

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Historiadores alemães estão planejando relançar "Mein Kampf" (Minha Luta), de Adolf Hitler, o livro parcialmente autobiográfico em que o ditador nazista apresentou sua visão da supremacia racial alemã.

Proibida desde a guerra, a obra política antissemita lançada primeiramente em 1925 tornou-se livro didático usado nas escolas depois da chegada de Hitler ao poder, em 1933. Todos os casais alemães recebiam um exemplar dele ao formalizarem seu casamento.

Edith Raim, do Instituto de História Contemporânea, em Munique, disse nesta quinta-feira que, quando os direitos autorais do livro prescreverem, no fim de 2015, o centro pretende lançar uma versão anotada de "Mein Kampf", com comentários editoriais.

"É um dos livros mais importantes da era nacional socialista: deveria estar disponível para o público", disse ela.

O secretário-geral do Conselho Geral de Judeus da Alemanha tinha aventado ideia semelhante em 2008.

Na Alemanha, é ilegal distribuir "Mein Kampf", exceto sob circunstâncias especiais, como por exemplo pesquisas acadêmicas. Também são proibidos símbolos nazistas como a suástica ou fazer a saudação ao estilo de Hitler, com o braço rígido à frente.

Raim disse que a reimpressão planejada do livro, que até o fim da guerra já tinha tido cerca de 12 milhões de cópias impressas, tem por objetivo alertar as pessoas para os perigos da ideologia nazista, e não disseminar a mesma.

"Mais de duas gerações já se passaram desde então", disse ela. "Acho que o teor do livro não representa o mesmo risco à população atualmente."

Hitler ditou o livro a seu auxiliar Rudolf Hess enquanto esteve preso, na Bavária, após o fracassado golpe da Cervejaria, em Munique em 1923. A obra detalha sua doutrina da supremacia racial alemã e a ambição de anexar grandes extensões da União Soviética.

O governo estadual da Bavária, que desde a guerra detém os direitos autorais do livro, disse que não pretende revogar suas restrições à publicação dele, por enquanto.

"Quando os direitos prescreverem, em 31 de dezembro de 2015, a distribuição de ideologia nacional socialista continuará a ser proibida e passível de punição dentro da lei", disse em comunicado o Ministério das Finanças da Bavária.

Nos últimos anos, vários historiadores, alguns deles judeus, pediram à Alemanha o fim da proibição de "Mein Kampf".

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