O clima de espetáculo criado pela mídia internacional em torno do resgate dos mineiros no Chile faz com que a imprensa compare o drama a shows de TV e já especulem sobre os ganhos financeiros que a história pode render.
Segundo o jornal britânico "The Guardian", o drama é parecido com o reality show "Big Brother". O diferencial, diz, é que as pessoas se importam de verdade com o que acontece com os mineiros que ficaram mais de dois meses soterrados. "Sim, parece com o Big Brother. A multidão, a torcida (sem vaias até agora, mas me preocupei por Carlos Mamami, o único boliviano do grupo). Então as entrevistas, o dinheiro, os contratos de livros. Mas tem uma diferença. você se importa. Isso é incrivelmente tocante. E as fotografias são extraordinárias", diz o jornal britânico.
O processo para retirar de dentro da mina os 33 homens que ficaram mais de dois meses soterrados está sendo acompanhada por jornalistas de todo o mundo. Alguns relatos falam que pode haver até 2 mil pessoas realizando a cobertura do caso. Desde o início da retirada dos mineiros de dentro da mina, o caso foi acompanhado ao vivo por redes de TV de vários países do mundo.
Toda essa atenção global pode trazer rendimentos financeiros para os personagens centrais do drama. Segundo a revista norte-americana "Time", os mineiros chamaram um advogado para organizar um contrato que garantisse que todos vão lucrar de forma igualitária sobre as ofertas da mídia para explorar o caso. Há relatos de que eles já receberam ofertas para serem filmados e entrevistados com exclusividade após o fim dos resgates.
Segundo o canal de TV indiano NDTV, até um mês depois do acidente que deixou os 33 homens soterrados, havia mais de mil ofertas de emprego para eles. A revista americana diz, entretanto, que os mineiros podem ganhar dinheiro suficiente para nunca mais precisarem trabalhar novamente.
O jornal canadense "Globe and Mail" estimou em US$ 400 mil (cerca de R$ 680 mil) o valor a ser pago por redes de TV dos Estados Unidos por cada entrevista exclusiva. O jornal diz que eles receberam ainda convites para viagens internacionais e patrocíbios de marcas de roupas e de cerveja.
Além da oferta de pagamento, os mineiros estão recebendo doações de todo o mundo. O empresário chileno Leonardo Farkas, por exemplo, teria oferecido US$ 10 mil (quase R$ 17 mil) para cada mineiro. Eles ganharam ainda iPods de graça de Steve Jobs e camisas autografadas do Real Madri.