O governo israelense e o Hamas aceitaram nesta sexta-feira um cessar-fogo com duração de 12 horas em Gaza. A trégua, que tem início neste sábado às 8h locais (2h de Brasília), foi intermediada pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry.
Mais cedo, uma proposta de um cessar-fogo mais longo, de sete dias, foi rejeitada pelo governo israelense.
Em entrevista coletiva no Cairo, onde as negociações vinham sendo costuradas, Kerry disse que a violência dos ataques terrestres não deve ser subestimada e que o mundo esperava sensibilidade de Israel.
O secretário de Estado disse que ainda espera conseguir um acordo para uma trégua "humanitária" de sete dias, que poderia levar a um cessar-fogo mais duradouro.
As declarações do secretário foram feitas depois de uma reunião de Kerry com o chanceler egípcio, Sameh Shoukry, e com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que também defenderam a trégua de sete dias.
Ban reconheceu que houve progresso nas negociações pela paz em Gaza, mas ainda há muito trabalho pela frente.
Kerry ressaltou ainda que pretende realizar novas reuniões em Paris neste sábado com outras partes envolvidas, ainda com o objetivo de estabelecer a trégua.
"Dia de fúria"
Nesta sexta-feira, ativistas convocaram um "dia de fúria" em reação às mais de 800 mortes de palestinos na ofensiva israelense na Faixa de Gaza, enquanto crescem os esforços diplomáticos por um cessar-fogo no conflito.
A convocação se seguiu a uma noite violenta na Cisjordânia, que até agora não vinha concentrando atos de violência ou grandes protestos relacionados à ofensiva em Gaza. Segundo o repórter da BBC Jon Donnison, nos arredores da cidade de Ramallah, mais de 10 mil palestinos protestaram rumo a Jerusalém e enfrentaram soldados israelenses.
Ao menos dois palestinos morreram, e mais de 200 ficaram feridos do lado palestino e 29 do lado israelense. Também houve duas mortes em tiroteios nas cidades de Nablus e Hebron.
Israel aumentou a segurança na Cidade Velha de Jerusalém por conta das preces muçulmanas de sexta-feira, e homens palestinos com menos de 50 anos foram impedidos de entrar na mesquita de al-Aqsa.
Donnison explica que se fala na possibilidade de uma terceira intifada (levante) palestina. "Isso não necessariamente acontecerá, mas a situação na Cisjordânia está entre os níveis mais tensos dos últimos cinco anos", relata o repórter da BBC.
Em Gaza, houve relatos de mais ataques aéreos realizados durante a madrugada; ao mesmo tempo, cidades israelenses ficaram em alerta por conta de disparos de foguetes do Hamas. Pelo menos 35 israelenses (ao menos dois deles civis) e um tailandês, atingido por um foguete palestino, também perderam a vida na onda de violência até agora.
Em outro desdobramento, Israel afirmou ter matado um membro de alto escalão do grupo militante Jihad Islâmica.
O país lançou a ofensiva militar contra Gaza em 8 de julho, com o objetivo declarado de impedir os disparos de foguetes do Hamas contra seu território, e diz ter descoberto uma rede de túneis usados pelo grupo militante para supostamente se infiltrar em território israelense.
Mortes
Ainda nesta sexta, foram realizados os funerais de mais de dez pessoas mortas após uma escola da ONU ter sido bombardeada do lado palestino.
Os palestinos culparam Israel, que negou ter alvejado o local e disse que militantes do Hamas estavam realizando disparos na área.
Na Europa, as empresas aéreas Air France e Lufthansa anunciaram estar retomando os voos de passageiros para o aeroporto internacional Bem Gurion, em Tel Aviv, que haviam sido suspensos por temores de segurança.
A suspensão, adotada também por outras companhias, havia sido anunciada nesta semana depois que ao menos um foguete ter sido disparado da Faixa de Gaza em direção ao aeroporto. Israel criticou a medida, garantindo que o aeroporto, o principal do país, é seguro.