Jornalista egípcio morre após ser baleado em protesto

Segundo o jornal, ele foi atingido por franco-atiradores no último dia 28 quando tirava fotografias

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Um jornalista egípcio morreu nesta sexta-feira (4) pelos ferimentos de tiros disparados durante confrontos entre partidários e opositores do presidente Hosni Mubarak, informou um jornal estatal.

O jornal "Al-Ahram" informou que Ahmed Mohammed Mahmud, do jornal "Al-Taawun", publicado pela fundação governamental Al-Ahram, faleceu após permanecer em coma por quatro dias.

Segundo o jornal, ele foi atingido por franco-atiradores no último dia 28 quando tirava fotografias a partir de seu apartamento, perto da Praça Tahrir, o epicentro dos protestos contra o governo.

De acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ, em inglês), com sede em Nova York, Ahmed Mohamed Mahmud é o primeiro jornalista a perder a vida desde que, no dia 25 de janeiro, começou a revolta popular contra o regime do presidente egípcio Hosni Mubarak.

O CPJ registrou em uma semana pelo menos 101 ataques diretos a jornalistas ou aos escritórios dos meios de comunicação.

"É impressionante que o governo siga enviando vândalos e policiais à paisana para atacar jornalistas e saquear os escritórios dos meios de comunicação", declarou Mohamed Abdel Dayem, coordenador do CPJ para o Oriente Médio e o norte da África.

Muitos jornalistas estrangeiros foram atacados, detidos ou intimidados na quarta e quinta-feira.

O ministério de Informação egípcio afirmou nesta sexta-feira à noite que as afirmações de que as autoridades estavam por trás dos ataques a jornalistas eram "falsas".

Em um comunicado, o ministério declarou que "os atos violentos contra os jornalistas ou contra quem quer que seja são inaceitáveis. Os meios de comunicação internacionais foram e continuam sendo bem-vindos no Egito. Atualmente, há mais de mil jornalistas estrangeiros no país".

Escritório incendiado

Também nesta sexta, a TV árabe por satélite Al Jazeera, com sede no Catar, afirmou que seu escritório no Cairo foi incendiado e destruída por "gangues" de criminosos. O canal de notícias acusou as autoridades egípcias ou seus simpatizantes de tentar impedir sua cobertura dos protestos no país.

Nesta semana, o governo do Egito ordenou que a emissora parasse de operar no país.

"A rede Al Jazeera informa que seu escritório no Cairo foi atacado por gangues de criminosos. O escritório foi incendiado, com os equipamentos que estavam dentro", diz um comunicado da emissora.

"Essa parece ser a última tentativa do regime egípcio ou de seus partidários para obstruir a cobertura feita pela Al Jazeera dos eventos no país." A rede afirmou que iria continuar a operar no Egito.

Na quinta-feira, o canal de notícias informou que três de seus jornalistas tinham sido soltos após serem detidos por autoridades egípcias enquanto cobriam as amplas manifestações de protesto.

Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas nos últimos dias no Egito para exigir o fim do mandato autoritário do presidente Hosni Mubarak, que está no poder há 30 anos.

A cobertura da Al Jazeera tem sido acompanhada em todo o Oriente Médio e está sendo criticada pelos simpatizantes de Mubarak.

Criada em 1996, a emissora tem mais de 400 repórteres em mais de 60 países e operações em árabe e em inglês, segundo seu website.

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