A Justiça canadense divulgou nesta terça-feira algumas das milhares de fotos armazenadas no computador do coronel Russell Williams, que ontem se declarou culpado do estupro e assassinato de duas mulheres. Nas imagens, consideradas "profundamente perturbadoras" pelas autoridades, Williams aparece nas casas de suas vítimas vestido com a roupa íntima delas para depois furtá-las e, em algumas ocasiões, masturbando-se diante da câmera.
Em pelo menos uma ocasião, Williams pegou a lingerie e se fotografou com ela no quarto de uma menina de 12 anos. A família da criança era vizinha do coronel e de sua mulher. Williams armazenou tantas roupas femininas que várias vezes ficou sem espaço em sua garagem e teve de queimar as peças.
"Queria assumir mais riscos", reconheceu o coronel, que no momento de sua prisão era o comandante da maior base aérea do Canadá - CFB Trenton - e já chegou a ser o piloto da rainha da Inglaterra e do primeiro-ministro canadense.
Por isso, no final de 2009, Williams passou a estuprar mulheres e, posteriormente, a assassiná-las. Nos dois ataques sexuais, o coronel entrou na casa das vítimas enquanto elas dormiam, tirou as roupas delas, cobriu suas cabeças com um travesseiro, amarrou-as em cadeiras e as fotografou.
A Promotoria canadense confirmou na segunda-feira que Williams filmou toda a morte, em 2009, da cabo Marie-France Comeau, 38 anos, uma de suas subordinadas na base de Trenton. O segundo assassinato, em 2010, foi de Jessica Lloyd, 27 anos, funcionária de uma empresa de ônibus. Esta morte foi filmada parcialmente pelo coronel.
Imediatamente depois de Williams confessar sua culpa perante o tribunal de Belleville (estado canadense de Ontário), o exército canadense iniciou o procedimento para expulsá-lo. "Os trágicos eventos referentes ao coronel Russell Williams deixaram estupefatos todos os canadenses e especialmente os membros das Forças Armadas" afirmou o chefe do Estado-Maior, general Walt Natynczyk, em comunicado divulgado na segunda-feira.
A pena ao réu será notificada no próximo fim de semana. Os crimes cometidos por Williams representam uma condenação automática de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional até dentro de 25 anos.