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O clérigo e magnata Fethullah Gülen, acusado pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, de patrocinar uma tentativa fracassada de golpe de Estado em julho passado, estaria planejando uma fuga dos Estados Unidos, e entre os possíveis destinos estaria o Brasil.
Segundo o ministro da Justiça, Bekir Bozdag, o governo recebeu informações de inteligência sobre um plano do imã para escapar de uma eventual extradição dos EUA, onde vive em exílio voluntário. O jornal turco "Hürriyet" publicou que ele poderia pedir asilo no Brasil, no Canadá ou na Bélgica.
Gülen lidera um movimento homônimo também conhecido como "Hizmet" ("Serviço", em turco), a quem Ancara culpa pela tentativa de golpe realizada no último dia 15 de julho. O grupo reúne centenas de instituições de ensino e prega uma versão moderada do islamismo, com grande influência na sociedade civil da Turquia.
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O movimento é o principal alvo dos expurgos promovidos nos últimos meses por Erdogan, que o acusa de estar infiltrado em todos os aparatos do Estado. Nesta terça-feira (4), a agência oficial "Anadolu" disse que a polícia demitiu 12.801 pessoas – incluindo 2.543 oficiais – suspeitas de ligação com Gülen.
O clérigo de 75 anos é tido como um dos muçulmanos mais influentes do mundo e é autor de livros bem sucedidos, além de empreendedor e filósofo. No passado, ele foi aliado de Erdogan e até o ajudou a reduzir o poder dos militares, mas rompeu com o então primeiro-ministro após o fechamento de escolas gülenistas.
Erdogan então acusou o imã de estar por trás de denúncias de corrupção contra ele e iniciou uma severa campanha de demissões e prisões de supostos membros do movimento. Atualmente, Gülen, que nega qualquer participação no golpe, vive na Pensilvânia, mas a Turquia já pediu sua extradição aos EUA