O socialista Luis Arce, candidato apoiado pelo ex-presidente Evo Morales, deve vencer a eleição presidencial boliviana, segundo pesquisa do instituto Ciesmori divulgada pelo canal privado Unitel na madrugada desta segunda-feira, 19.
O levantamento aponta que Arce obteve 52,4% dos votos, contra 31,5% do centrista Carlos Mesa. Caso o resultado da pesquisa se confirme, Arce será eleito com uma porcentagem maior do que a obtida por Evo em 2019 -na ocasião, Morales teve 47,07% dos votos, enquanto Carlos Mesa marcou 36,51% -, antes da turbulenta renúncia, em novembro de 2019, em meio a reclamações de fraude nas eleições.
A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez Chavez, comentou o resultado da pesquisa em seu perfil no Twitter. “Ainda não temos uma contagem oficial, mas pelos dados que temos, o Sr. Arce e o Sr. Choquehuanca venceram as eleições. Parabenizo os vencedores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia”, escreveu.
Arce também se manifestou sobre o resultado. "Muito grato com o apoio e a confiança do povo boliviano. Recuperamos a democracia e retomaremos a estabilidade e a paz social. Unidos, com dignidade e soberania". Carlos Mesa ainda não se pronunciou.
Exilado na Argentina, o ex-presidente Evo Morales comemorou a vitória em suas redes sociais. "Minhas mais sinceras felicitações aos irmãos Luis Arce e David Choquehuanca por essa grande vitória, e às autoridades eleitas, Assembleia Legislativa, aos movimentos sociais, aos militantes e simpatizantes do MAS-IPSP, agradeço seu esforço e compromisso com a Bolívia", escreveu Evo.
Para ser eleito no primeiro turno no país, é preciso que o candidato obtenha 50% dos votos ou que alcance 40%, com 10% de diferença para o segundo colocado. O resultado oficial deve ser divulgado nos próximos dias. A contagem de votos pode ser acompanhada no site do Supremo Tribunal Eleitoral boliviano.
Perfil
Economista de 57 anos, Arce estudou na Universidad Mayor de San Andrés, em La Paz e fez mestrado na Universidade Britânica de Warwick. Trabalhou 18 anos no Banco Central, onde ocupou diversos cargos, e foi Ministro da Economia e Finanças durante a maior parte do mandato de Morales, com um hiato de 18 meses.
Ele tem um perfil mais técnico do que político. Sob Morales, a Bolívia aumentou seu PIB de US$ 9,5 bilhões anuais para US$ 40,8 bilhões e reduziu a pobreza de 60% para 37%, de acordo com dados oficiais.
A bonança permitiu pagar gratificações a milhares de grávidas, estudantes e idosos, e investimentos milionários para tentar industrializar a exploração do lítio e do gás natural. Hoje, a Bolívia vive sua crise econômica mais profunda em quase 40 anos, com previsão de contração de 6,2% na economia em 2020. / AFP e AP