O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, desembarcou na manhã desta quinta-feira (14) em São Vicente e Granadinas, no Caribe, marcando o primeiro encontro presencial com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, desde o referendo realizado por Caracas para anexar a região de Essequibo, território disputado que faz parte da Guiana. As tensões aumentaram após ameaças de invasão e o risco iminente de conflito armado na fronteira com o Brasil.
As novas regras estabelecem que o diálogo direto entre os líderes acontecerá ao meio-dia (horário de Brasília), mediado pelo Brasil, representado pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim. Fontes do Planalto indicam que a abordagem brasileira será pela defesa do diálogo e contra "ações unilaterais que agravem a situação".
"Chegamos a São Vicente e Granadinas com a bandeira da paz e o mandato do povo venezuelano em alto", afirmou Maduro pelas redes sociais ao chegar, sendo recebido pelo primeiro-ministro local, Ralph Gonsalves, também presidente de turno da Comunidade de Estados Latino-Americanos (Celac).
O encontro, visto como um primeiro passo para reduzir as tensões na crise recente, começou com poucas disposições para concessões. O presidente guianês declarou que não pretende tratar de Essequibo na reunião, enquanto Maduro afirmou que defenderá o "direito legítimo" da Venezuela sobre o território.
Celso Amorim e o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas atuarão como observadores, sem poder interferir nas decisões. O diálogo surge após uma série de eventos, incluindo o referendo venezuelano, a ameaça de invasão e a declaração de Essequibo como um estado venezuelano, ampliando as tensões.
A Venezuela reivindica Essequibo, uma área maior que a Inglaterra e o estado do Ceará, que corresponde a cerca de 70% da Guiana, onde moram 125 mil pessoas. O território é alvo de uma disputa que atravessa mais de um século e ganhou destaque após a descoberta de petróleo na região em 2015. A Corte Internacional de Justiça decidiu em dezembro que a Venezuela não pode anexar Essequibo, mas a resolução final pode demorar anos. O diálogo, portanto, busca proporcionar um ponto de partida para negociações diretas entre os dois países.
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