Uma mãe de família contou à Justiça britânica o terror de escolher que filho salvar após um acidente em que seu carro caiu em uma represa.
Rachel Edwards, de 39 anos, dirigia o carro acompanhada de sua filha de 2 anos e de seu filho de 16 quando passou por um buraco e perdeu a direção na região de Lincolnshire, no nordeste da Inglaterra, em agosto do ano passado.
A mãe conseguiu escapar do carro pela janela enquanto o veículo afundava. Porém, teve de enfrentar o drama de escolher entre salvar a vida do filho de 16 anos de idade ou da filha de 2 anos.
Dois amigos do filho também estavam no carro e conseguiram escapar pela janela e buscar ajuda.
Ao depor no inquérito sobre o acidente, na cidade de Horncastle, em Lincolnshire, Edwards disse que ainda não teve tempo de entender a sequência de eventos que se desenrolaram muito rapidamente.
"Sei que passei por cima do buraco e o carro balançou para a direita e depois, não sei por que, para a esquerda. Não sei se passei por cima de um buraco e depois por outro buraco", disse a mãe. "Não sei como fui parar na água, não sei."
Sequência rápida
O grupo, que vive em Essex, no sudeste da Inglaterra, estava no norte do país em férias. A mãe estava grávida de seis meses quando o acidente ocorreu.
Com o carro cerca de 3 metros abaixo da superfície, Edwards e os dois amigos do filho escaparam, mas o filho Jack, de 16 anos, e a filha de 2, Isabella, continuaram presos.
A mãe decidiu então regressar e tentar resgatar os filhos. Foi então que percebeu que só poderia levar um de volta à superfície. Edwards liberou Isabella da poltrona do carro, mas nesse momento o veículo voltou a afundar.
"Fomos puxados para baixo e, quando conseguimos nadar para cima novamente, notei que que ela estava apavorada. Eu queria voltar para o carro, mas não tinha onde deixá-la", disse a mãe. "Eu sabia que se a deixasse sobre uma roda ela cairia, por isso não voltei para salvar Jack. Apenas esperei e esperei."
Ao chegar à cena do acidente, um policial mergulhou na represa e conseguiu tirar Jack do carro. Entretanto, o filho já estava inconsciente e foi dado como morto no hospital. Um exame póstumo comprovou que o adolescente morreu por afogamento.
À época do acidente, Edwards disse que "sabia que se eu soltasse Isabella, não conseguiria pegá-la de volta". "Desde então eu passo todos os meus momentos pensando em como eu poderia ter salvado meus dois filhos", disse.
Perigosa
Embora o limite de velocidade na estrada seja de 60 milhas por hora (96,5 km/h), uma simulação conduzida pela polícia demonstrou que viajar à metade desta velocidade constitui uma experiência "desconfortável e perigosa" na rodovia.
Os peritos avaliaram que desenvolver uma velocidade de 65 km/h na estrada já compromete a segurança do percurso.
Entretanto, o investigador forense do caso, Paul Smith, concluiu que a mãe não dirigia a uma velocidade acima do permitido por lei.
Para ele, a causa do acidente foram as más condições da estrada, que representa um risco "maior que uma simples estrada de terra".
O especialista disse que alertará as autoridades de Lincolnshire para que as devidas providências de sinalização sejam tomadas.
As autoridades do condado lamentaram o incidente e afirmaram que os trabalhos de reparo na rodovia já foram concluídos.