A junta militar que governa o Egito interinamente impôs um toque de recolher nesta sexta-feira (4) nas ruas perto do prédio do Ministério da Defesa, no Cairo, após mais um dia de confrontos entre militares e manifestantes que pediam o fim do regime militar.
O toque de recolher deve durar entre 23h e 7h de sábado locais, segundo comunicado lido na TV estatal.
Manifestantes atiraram pedras em soldados que protegiam o prédio, enquanto milhares de pessoas marcharam no Cairo para denunciar a violência contra manifestantes e a exclusão de candidatos da eleição presidencial do país.
A multidão gritou insultos contra os soldados enviados para defender o ministério depois que pelo menos 9 pessoas foram mortas em confrontos no local na quarta-feira.
O governo falou em 170 presos. Fontes hospitalares disseram que duas pessoas morreram nos enfrentamentos.
Os manifestantes pediam a derrubada do chefe do Conselho Militar no poder, o marechal Hussein Tantawi.
"Tantawi, bom dia, este é seu último dia", gritava a multidão, junto com "Saia marechal, o povo é perigoso".
Tropas avançaram quando os manifestantes começaram a cortar o arame farpado usado para isolar o prédio do ministério no distrito central de Abbasiya.
Manifestantes jogaram pedras nos soldados, que responderam com canhões de água e gás lacrimogêneo. O Ministério da Saúde disse que oito pessoas ficaram feridas.
Outros manifestantes arrancaram uma cerca de metal do local de construção de uma linha de metrô para fazer uma barricada.
Manifestações acontecem regularmente no Egito, em particular nas sextas-feiras, desde a queda de Mubarak em fevereiro de 2011, dentro do desenvolvimento de uma transição política bastante agitada.
A violência de rua acontece a menos de três semanas de uma eleição que representa a primeira oportunidade para os egípcios de escolher livremente o seu líder e marcaria o último passo numa transição confusa para a democracia desde a derrubada do ditador Hosni Mubarak, há 15 meses.
Alterações de última hora na lista de candidatos, disputas sobre uma nova Constituição e suspeitas de que o Exército continuará exercendo o poder depois que um novo presidente tomar posse montam um cenário caótico para a campanha.