O ex-ministro espanhol Manuel Fraga, último sobrevivente político da ditadura direitista na Espanha e fundador do partido conservador hoje no poder, morreu no domingo (15), aos 89 anos, de problemas respiratórios, segundo a imprensa estatal.
Fraga foi ministro do general Francisco Franco, mas depois da morte do ditador, em 1975, participou da redação da Constituição que transformou a Espanha em uma monarquia constitucional.
Ele sobreviveu politicamente à transição para a democracia e governou por 16 anos a Galícia, sua região natal, até os 82 anos de idade. Foi então senador por mais seis anos, até se aposentar, em setembro passado.
Como ministro do Turismo e Informação, Fraga na prática foi o chefe da censura espanhola na década de 1960. Depois, ocupou a pasta do Interior durante a tensa transição para a democracia, e coibiu protestos com uma frase que ficou famosa: "As ruas são minhas".
Ele ajudou a fundar o Partido Popular e continuou sendo uma figura importante entre os conservadores.
Os espanhóis mais velhos se lembram de Fraga posando de sunga para as câmeras, em 1966, ao nadar numa região onde um avião dos EUA acidentalmente deixara cair bombas nucleares, que não explodiram. Ele queria provar que as águas estavam seguras.
Fraga gostava de se comparar a outros líderes longevos, como Konrad Adenauer, Winston Churchill e Charles de Gaulle, e relutou em deixar o poder.
Seu domínio sobre a Galícia só terminou em 2005, após quatro mandatos, quando dois partidos de oposição se juntaram para vencê-lo. Fraga foi então nomeado senador.
Apesar das enormes divergências ideológicas, Fraga tinha relações fraternas com o ex-líder cubano Fidel Castro, cujos pais eram galegos, ao passo que o próprio Fraga viveu um período em Cuba. "Eu poderia ter sido Fidel Castro", brincou ele certa vez.