'Muitos desafios pela frente': em carta, Milei convida Lula para posse

Presidente eleito, que baseou seu discurso de campanha nas críticas ao líder brasileiro, enviou futura chanceler ao Brasil para tentar 'aparar arestas'

'Muitos desafios pela frente': em carta, Milei convida Lula para posse | Reprodução
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No mesmo dia em que a futura ministra das Relações Exteriores de Javier Milei, Diana Mondino, chegou a Brasília para encontros com membros do governo, a imprensa argentina divulgou uma carta escrita pelo próprio Milei, entregue por ela a Lula. Na mensagem, Milei convida o presidente brasileiro para a cerimônia de posse em 10 de dezembro, menciona "muitos desafios", destaca a extensa cooperação entre os principais países da América do Sul e expressa a esperança de que possam "construir laços".

"Sei que o senhor conhece e valoriza fortemente o que significa este momento de transição para o histórico da República Argentina, seu povo e, naturalmente, para mim e para a equipe de colaboradores que me acompanharão na próxima gestão de governo", escreveu Milei, ao reforçar o convite para que Lula compareça à posse em Buenos Aires.

Até o momento, não há indícios de que o presidente brasileiro tenha a intenção de comparecer, especialmente considerando a postura anteriormente adotada por Milei em relação a Lula. Nos últimos meses, o então candidato referia-se ao petista como "ladrão" e "comunista", sugerindo, em algumas ocasiões, a falta de disposição para estabelecer laços caso assumisse a Casa Rosada. O convite feito ao ex-presidente Jair Bolsonaro para a cerimônia de posse, que provavelmente será acompanhado por uma comitiva numerosa, parece ter aumentado ainda mais a hesitação de Lula em participar do evento.

Contudo, nos dias que antecederam a votação já havia contatos entre o então favorito a vencer a disputa com Sergio Massa — que era favorito do Planalto — e Brasília. Na sexta-feira, o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, se reuniu com o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, em Brasília, encontro que antecedeu a viagem de Diana Mondino.

Scioli é cotado para permanecer no cargo, no que seria mais um sinal de que Milei deseja deixar a animosidade da campanha para trás: ele é kirchnerista e tem bom trânsito com o governo Lula. Nos tempos de Bolsonaro, também trabalhou para construir pontes entre o então presidente e o líder da Argentina, Alberto Fernández. Como hoje, as relações entre os dois não eram as melhores.

Além do convite para a posse, Milei destacou na carta que os dois países têm "muitos desafios pela frente", e afirmou que "mudanças econômicas, sociais e culturais, baseadas nos princípios da liberdade" posicionará ambos "como países competitivos, onde seus cidadãos poderão desempenhar ao máximo suas capacidades e, assim, escolher o futuro que desejem". Mudança era o mote da campanha de Milei, e que, amparado também no descontentamento dos eleitores com a classe política dita tradicional, pavimentou seu caminho para a vitória no dia 19.

Milei citou a cooperação entre Brasil e Argentina, além dos laços geográficos e históricos, desejando que o trabalho em conjunto possa se traduzir em "crescimento e prosperidade" para ambos. Por fim, diz desejar que o tempo em que os dois vão conviver como presidentes seja "uma etapa de trabalho frutífero e de construção de laços", e afirma esperar por um encontro com Lula em breve, o saudando "com estima e respeito".

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