Mulheres beijavam estátua nua durante festas eróticas

Segundo elas, as convidadas beijavam a estátua nua de um deus grego da virilidade na casa do premiê em Milão.

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Em depoimento a magistrados italianos, duas novas testemunhas descreveram, com detalhes inéditos, as festas eróticas chamadas de "bunga-bunga", que seriam promovidas pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.

Trechos dos depoimentos de Chiara Danese e Ambra Battilana, ambas de 19 anos, foram publicados nesta quarta feira pelos jornais italianos "Corriere della Sera" e "La Repubblica".

Os advogados de Berlusconi dizem que as declarações publicadas pelos jornais não têm fundamento, em contraste com "numerosas indicações em sentido totalmente oposto".

Os depoimentos foram feitos por escrito e entregues no dia 4 de abril aos promotores que cuidam do caso conhecido como "Rubygate", no qual Berlusconi é acusado de abuso de poder e por pagar por sexo com a dançarina marroquina Karima el Mahroug, conhecida como "Ruby", quando ela era menor de idade.

RITUAIS ERÓTICOS

Conforme as declarações de Chiara e Ambra, as festas na mansão de Arcore, em Milão, não eram jantares elegantes, e sim "rituais eróticos".

Elas disseram ter ficado surpresas com o que viram e afirmaram não ter participado das brincadeiras eróticas propostas pelo premiê a suas convidadas.

As jovens afirmaram ter ido a uma das festas em 22 de agosto de 2010, onde teriam sido levadas por um colaborador de Berlusconi, o jornalista Emilio Fede, com quem teriam feito testes para um programa de televisão.

A noite, segundo elas, teria começado com um jantar do qual participaram cerca de 15 pessoas. Elas teriam sido informadas por uma das moças presentes que, se Berlusconi as tivesse notado, poderiam fazer "uma bela carreira".

"O presidente não comeu quase nada e contou muitas piadas vulgares. Tão vulgares que fiquei sem vontade de comer", afirmou Ambra, em um dos trechos do depoimento publicados pelos jornais.

"Ainda estávamos à mesa quando algumas moças descobriram os seios e os ofereciam a Berlusconi".

Segundo o texto entregue pelas duas jovens aos promotores de Milão, após contar as piadas, Silvio Berlusconi teria mandado entrar uma estátua de Príapo, personagem da mitologia grega, símbolo da virilidade e da fertilidade.

De acordo com os depoimentos, Berlusconi fez a estátua circular entre as moças e pediu que elas beijassem o órgão sexual da escultura. "As moças se aproximavam então do premiê e todos se tocavam numa espécie de ciranda, até que ele perguntou se estavam prontas para o "bunga-bunga". Todas respondem que sim", afirmou Chiara.

DANÇA DO POSTE

Com base nas declarações das duas jovens, na casa de Berlusconi havia uma pequena discoteca onde, naquela noite, a conselheira da região da Lombardia, Nicole Minetti, teria feito uma "dança do poste" e, depois, um strip tease.

"Nicole Minetti ficou totalmente nua e dançou na barra, depois aproximou-se de Berlusconi, dançando de forma provocante diante dele".

Minetti, Fede e o empresário Lele Mora estão sendo acusados de indução à prostituição em um processo paralelo ao "Rubygate".

As jovens afirmaram que Berlusconi e Fede pediram que elas também ficassem nuas.

"Berlusconi e Fede queriam que as outras nos envolvessem nas brincadeiras e que tirássemos a roupa. E quando dissemos que queríamos ir embora, Fede concordou, mas disse que, se fôssemos embora, não iríamos trabalhar na televisão, nem participar da Miss Itália".

As duas novas testemunhas do "Rubygate" justificaram os depoimentos como sendo necessários para defender a própria imagem.

"Eu não queria falar, mas fui obrigada, pois em minha cidade sou injustamente considerada uma garota de programa", disse.

"Silvio Berlusconi defendeu publicamente quem teve atitudes inadequadas em sua casa e não disse nada em nosso favor, quando nos comportamos de forma totalmente diferente".

As jovens disseram que decidiram falar após consultar a advogada Patrizia Bugnano. Elas afirmaram, no entanto, não ter conhecimento de que a advogada é parlamentar, membro do partido de oposição Itália dos Valores, do ex-magistrado Antonio Di Pietro, um dos símbolos da Operação Mãos Limpas, que investigou vários chefes da máfia.

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