“Não sou criminoso”, reage presidente da Bolívia após desvio de seu avião

Países europeus suspeitaram que Edward Snowden estivesse na aeronave. Americano é buscado pela justiça americana por revelar segredos do país.

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, protestou nesta quarta-feira (3) da maneira como foi tratado depois que seu avião foi desviado para Viena, na Áustria, na véspera, por suspeitas de que transportava o americano Edward Snowden, procurado pela justiça dos Estados Unidos acusado de espionagem.

"Não sou um criminoso", afirmou Morales no aeroporto da capital austríaca à Agência Austria Press, depois que, segundo as autoridades bolivianas, vários países europeus negaram autorização de entrada de sua aeronave oficial em seus espaços aéreos, o que gerou uma crise diplomática.

Autoridades bolivianas e austríacas afirmaram que Snowden não estava a bordo do avião, que decolou de Moscou e teve que fazer uma escala em Viena.

Mas o governo da Áustria reconheceu que não inspecionou a aeronave.

"O avião de Morales pousou às 21h40 (16h40 de Brasília) procedente de Moscou. Os passaportes foram verificados e, ao contrário dos boatos, Edward Snowden não estava a bordo", afirmou à AFP o porta-voz do ministério do Interior austríaco, Karl-Heinz Grundboeck.

O avião, no entanto, não foi inspecionado, e os passageiros foram apenas submetidos a um controle de passaportes, destacou. "Não existia uma base legal para uma operação", disse Grundboeck.

O avião de Morales já deixou Viena e fará uma escala nas Ilhas Canárias, da Espanha. A Espanha e outros países europeus autorizaram nesta quarta-feira a entrada da aeronave em seu espaço aéreo.

Zona de trânsito

Snowden está na zona de trânsito do aeroporto de Moscou desde 23 de junho, sem destino definido.

Ele é acusado de espionagem por Washington por ter revelado um amplo programa de vigilância telefônica e na internet.

O incidente provocou uma crise no governo do presidente americano Barack Obama e gerou intenso debate internacional sobre a privacidade na internet.

Morales disse à imprensa que Madri pediu para inspecionar o avião antes de autorizar a entrada no espaço aéreo, mas que ele se negou porque seria uma violação da legislação internacional.

Uma fonte da chancelaria destacou que a Espanha "autorizou na terça-feira o sobrevoo e a escala do avião presidencial da Bolívia, mas de forma imprevista o avião acabou fazendo escala em Viena".

O ministério francês das Relações Exteriores também informou que concedeu autorização para que o avião de Morales passe por seu espaço aéreo.

A Itália também anunciou que permitirá a entrada do avião em seu espaço aéreo.

Autoridades bolivianas informaram que o avião de Morales teve que ser desviado a Viena na terça-feira à noite, depois que França, Itália e Portugal negaram o pedido de entrada em seu espaço aéreo.

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