As autoridades anunciaram nesta segunda-feira (23) que mais dois corpos de vítimas do cruzeiro Costa Concordia foram achados, elevando a 15 o número de mortos no acidente ocorrido em 13 de janeiro.
Há pelo menos 19 desaparecidos.
Os corpos estavam no deck número quatro, segundo Franco Gabrielli, chefe da Defesa Civil. Os corpos são de duas mulheres e estavam próximos a um cybercafé. Os cadáveres ainda não foram removidos, e a nacionalidade das vítimas ainda precisa ser determinada.
As buscas na embarcação, realizadas em condições muito difíceis, segundo os mergulhadores, avançam lentamente devido ao tamanho do navio, do comprimento de três estádios de futebol e da altura de um edifício de 20 andares.
Ao mesmo tempo, um comitê de especialistas deveria tomar a decisão nesta segunda-feira sobre o início do bombeamento das 2.380 toneladas de combustível contidas nos tanques do barco.
"Hoje será decisivo, seguramos nossa respiração para ver se será possível começar o bombeamento sem deter a busca das pessoas desaparecidas", indicou à AFP o prefeito de Giglio, Sergio Ortelli.
Segundo os socorristas, a chance de encontrar sobreviventes é mínima, dez dias depois da catástrofe. Um navio oceanográfico com câmeras de alta definição deve chegar em breve para explorar o fundo do mar em busca de corpos eventualmente bloqueados embaixo do Costa Concordia, de 114.500 toneladas.
Paralelamente, continua a investigação para determinar a responsabilidade exata do capitão do navio, Francesco Schettino, no acidente.
Pouco antes de ser detido após o naufrágio, o capitão teria se reunido em seu hotel com uma "elegante loira" a quem teria entregado seu computador pessoal. Segundo a imprensa italiana, seria uma advogada vinculada à empresa proprietária do navio, Costa Crociere, mas a companhia desmentiu "categoricamente" ter recebido "algo de Schettino" depois do acidente.
Por sua vez, a rapidez do capitão no momento do acidente continua suscitando perguntas. Quando o barco gigante se chocou com um recife, o que provocou o naufrágio, estava na ponte com várias pessoas que não deveriam estar ali, segundo a imprensa, como o maitre Antonello Tievoli, que queria mostrar a ilha da qual é oriundo.
O pequeno grupo teria trocado piadas, o que teria impedido o capitão de se concentrar quando o navio ia muito rápido (15 nós). Depois, quando a gravidade do acidente era evidente, Schettino teria se retirado brevemente ao seu camarote.
A imprensa italiana também insistia no fato de que a saudação do barco à costa teria sido prevista e autorizada pela Costa Crociere antes da partida da embarcação de Civitavecchia, o que a companhia nega desde o início.
Outro mistério é que o comissário do governo para a catástrofe, Franco Gabrielli, disse temer que a lista de desaparecidos seja maior. Gabrielli citou o caso de uma húngara, reivindicada por sua família, que estaria a bordo do navio convidada por um membro da tripulação, mas que não havia sido registrada.
Para Gabrielli, "poderia haver, em teoria, uma quantidade X de pessoas a bordo do navio e que não seriam reivindicadas porque eram clandestinas".
Mas, segundo Manrico Giampedroni, que estava a cargo da segurança do "Concordia", é "impossível", já que "Costa é uma empresa séria".
Dos 13 corpos encontrados, apenas 8 foram identificados. Cerca de 20 pessoas ainda estão desaparecidas.