Pelo menos 59 pessoas morreram na Argentina em um temporal sem precedentes registrado entre terça-feira e a madrugada de quarta, que atingiu principalmente a cidade de La Plata (63 quilômetros ao sul de Buenos Aires), onde 51 pessoas morreram.
"Os mortos em La Plata são 51, dos quais 40 foram identificados, e 22 corpos foram entregues aos seus familiares", disse nesta quinta-feira o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli. Ele informou ainda que "quase todos os desaparecidos" foram encontrados durante o dia, mas não indicou o número.
Os 900 mil habitantes de La Plata retornam lentamente à normalidade em meio à angústia dos vizinhos pelas grandes perdas materiais deixadas pelas chuvas, as mais intensas do último século. Os moradores dos bairros mais atingidos começavam a voltar pouco a pouco aos seus lares, onde tudo ficou destruído pela lama e pela água. As precipitações chegaram a 300 milímetros em algumas regiões, o dobro da média de todo o mês de abril.
Scioli informou que nesta quinta-feira 1 mil pessoas tinham sido retiradas de suas casas após as inundações na região de La Plata. Segundo ele, o ritmo de desalojamentos está diminuindo. Na quarta-feira, o número de desabrigados ou desalojados era de 2.500. Nos centros de emergência, longas filas se formaram. As pessoas esperavam para receber colchões, fraldas, água mineral e outros artigos de primeira necessidade.
"Ouvi gritos, vi corpos flutuarem. Não veio ninguém, nem bombeiros, nem policiais, nem militares", disse à televisão um morador de La Plata indignado pelo que considerou falta de ajuda oficial diante do desastre. Em sua visita à região atingida, a presidente Cristina Kirchner afirmou que temia a ocorrência de saques. Cerca de 700 membros das forças de segurança foram mobilizados nos locais de risco e os habitantes de La Plata passaram uma noite tranquila, de acordo com Scioli.
Em La Plata, 4 mil casas seguiam sem luz. Já na capital argentina, onde foram contabilizados seis mortos, a situação também retornava à normalidade em meio a um panorama desolador, segundo o secretário portenho do Meio Ambiente, Diego Santilli.
Outros dois mortos foram registrados na periferia de Buenos Aires. "Até ontem à noite 52 mil pessoas de seis bairros (da capital) estavam sem luz. Estamos tentando colaborar com as empresas de energia para que (a luz) volte o quanto antes", disse Santilli em uma entrevista à rádio FM Milenium.
O secretário também afirmou que "o panorama é desolador, com moradores que perderam bens materiais, suas coisas, sua história". Agora "seguimos na linha de tentar repor o que resta; a água vem com tudo, sujeira, pedras", concluiu.