Padre é preso por casar imigrantes ilegais

Alex Brown conduziu 360 “uniões de conveniência” entre 2005 e 2009, no maior esquema do tipo

Alex Brown, 61 anos, celebrou 360 uniões | BBC
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A Justiça britânica condenou nesta segunda-feira (6) um reverendo a quatro anos de prisão por ter celebrado centenas de casamentos de conveniência, com o objetivo de facilitar a permanência de imigrantes ilegais no país.

O reverendo da Igreja Anglicana Alex Brown, 61 anos, conduziu 360 uniões falsas entre 2005 e 2009 na Igreja de Pedro e Paulo, na pequena cidade de St. Leonards, condado de Sussex (sul da Inglaterra). A Promotoria considera este o maior esquema de casamentos de conveniência já levado à Justiça no Reino Unido.

Outros dois acusados de participar do golpe também pegaram quatro anos de cadeia: o advogado e pastor evangélico Michael Adelasoye, 50 anos, e Vladimir Buchak, 33, considerado o "recrutador" das noivas de mentira.

O trio havia sido condenado em julho passado por conspiração para facilitar violações da lei de imigração britânica.

Esquema

O esquema consistia em celebrar a união de, na maioria dos casos, homens africanos com mulheres do Leste Europeu já legalizadas e residentes no país.

Embora muitos desses imigrantes da África tivessem entrado legalmente no Reino Unido, eles já haviam esgotado seus recursos para pedir residência permanente e corriam risco de deportação.

Buchak - um ucraniano que vivia ilegalmente no Reino Unido desde 2004 - pagava até 3 mil libras (cerca de R$ 8 mil) às mulheres para participarem dos casamentos.

Já Adelasoye usava seu conhecimento da lei para ajudar os imigrantes com seus requerimentos ao Ministério do Interior britânico.

Depois de celebrados os casamentos, os imigrantes, a maior parte deles nigerianos, poderiam se beneficiar dos sistemas públicos de educação, saúde e seguridade social britânicos.

Fingimento

No auge do funcionamento do esquema, o reverendo Brown chegou a realizar oito uniões por domingo. Já os ganhos da igreja pularam de mil libras (cerca de R$ 2,6 mil) para 22 mil libras (aproximadamente R$ 58 mil) nos primeiros seis meses de 2009.

As cerimônias incluíam casais que chegavam com alianças de tamanho errado, noivos que não conseguiam se comunicar em uma língua comum e diversos casos de indivíduos que se casavam com pessoas diferentes das que haviam declarado.

Nos documentos apreendidos pela agência de imigração britânica após a prisão do padre, em junho deste ano, cópias das certidões de casamento indicavam que os endereços fornecidos por centenas de noivos eram falsos. Por exemplo, 90 casais disseram viver em uma mesma rua, enquanto 52 disseram viver em outra.

Em sua defesa, o reverendo Brown alegou que só celebrou a união de casais que acreditava serem legítimos e negou ter lucrado com o esquema.

Os promotores afirmaram que, embora Buchak fosse o mentor, Brown deveria ter conhecimento de que os casamentos eram de mentira.

O juiz do caso também sentenciou o reverendo a cinco meses de prisão por realizar casamentos sem seus devidos anúncios públicos antecipados na paróquia, uma prática obrigatória no Reino Unido.

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