A polícia da Alemanha investiga um caso no qual os pais são suspeitos de ter mantido o filho trancado em casa durante 30 anos na pequena cidade de Freienfels, na Baviera. De acordo com as autoridades, embora tenha sido encontrada com uma aparência descuidada, a suposta vítima, hoje um homem de 43 anos, estava bem alimentada.
Os familiares argumentaram que ele parou de sair de casa na adolescência por vontade própria, após ser alvo de bullying na escola.
A polícia alemã descobriu o caso no mês passado, depois de uma denúncia. Os investigadores foram até a casa da família e levaram o homem para um hospital.
As autoridades informaram que não devem ser apresentadas acusações contra os pais, para elas, é mais provável que se trate de um caso de tragédia familiar.
"Não sabemos desde quando exatamente ele está vivendo sem contato regular com o mundo exterior, nem sabemos qual é a real situação. Por exemplo: se tinha a chance de sair de casa", disse Juergen Stadter, porta-voz da polícia.
De acordo com os agentes, tudo indica que o homem podia se movimentar com toda a liberdade dentro da casa, ou seja, não estava preso ou acorrentado.
Quando os serviços de resgate foram buscá-lo, ele não queria sair. "Obviamente se sentia protegido ali", explicou Stadter.
Bullying
A mãe do homem, que tem 76 anos, disse que ela e o marido não prenderam o filho em casa. "Ele simplesmente não queria sair", afirmou a jornalistas. Segundo ela, o filho sofreu muita intimidação na escola na adolescência, a ideia, garantiu, era protegê-lo.
Em entrevista ao site alemão Reporter 24, a mãe contou se lembrar de cada detalhe e cada palavra ofensiva dita contra ele na escola. "Não consigo repetir essas palavras horríveis."
Ela afirmou que, depois desses episódios, o jovem não quis mais sair de casa por sentir "medo" dos outros alunos.
Em 1984, recordou, a polícia foi chamada após uma denúncia de que o adolescente tinha parado de frequentar a escola por causa da intimidação por parte dos colegas. Agora, as autoridades investigam como os serviços sociais e de saúde e a rede de apoio a jovens no Estado da Baviera não acompanharam o caso.
A única documentação que a polícia afirma ter encontrado tem quase 30 anos e mostra que o adolescente frequentou o ensino fundamental e, depois, o ensino médio.
Os documentos, datados da época em que ele tinha 13 anos, parecem sugerir que as autoridades escolares acreditavam que o adolescente não tinha condições de frequentar as aulas.
Novo morador
De acordo com o tabloide alemão Bild, o caso só foi descoberto porque um novo morador chegou a Freienfels no começo do ano.
Pouco a pouco, esse homem ficou sabendo da história sobre o "prisioneiro" cujos pais tinham "proibido qualquer contato com outros moradores" da pequena cidade.
Ao descobrir mais detalhes sobre a história, o novo morador entrou em contato com a polícia e fez a denúncia.
Um porta-voz do hospital de Bayreuth, cidade vizinha para onde o homem foi levado, disse que ele está bem, "levando em conta as circunstâncias". Mas não forneceu mais informações.
O paciente está sendo atendido por uma equipe de médicos, enfermeiros e terapeutas, que estão tentando descobrir se ele sofre de algum problema mental.