O Papa Bento XVI atacou neste domingo (7) o aborto e defendeu a família tradicional em clara crítica às leis liberais a este respeito do governo socialista espanhol de José Luis Rodríguez Zapatero, durante a consagração do templo da Sagrada Família.
"A Igreja se opõe a todas as formas de negação da vida humana e apoia quanto se promove a ordem natural no âmbito da instituição familiar", recordou Bento XVI durante a missa celebrada na então consagrada basílica da Sagrada Família de Barcelona, no segundo e último dia de sua viagem à Espanha.
Bento XVI prepara um turíbulo durante celebração na Igreja da Sagrada Família, em Barcelona, neste sábado (7).
Além disso, defendeu a família como a união de um homem e uma mulher, num país em que o casamento entre pessoas de mesmo sexo foi aprovado há cinco anos.
"O amor indissolúvel de um homem e uma mulher é o marco eficaz e o fundamento da vida humana em sua gestação, em seu parto, em seu crescimento e em seu término natural", recordou.
O chefe da Igreja católica pediu aos Estados que deem "atenção, proteção e ajuda" à família tradicional e à vida humana.
Aos governos pediu "adequadas medidas econômicas e sociais para que o homem e a mulher que contraem matrimônio e formam uma família sejam decididamente apoiados pelo Estado para que se defenda a vida dos filhos como sagrada e inviolável desde o momento de sua concepção e que a natalidade seja dignificada, valorizada e apoiada jurídica, social e legislativamente".
Além disso, pediu medidas dessa índole "para que a mulher encontre no lar e no trabalho sua plena realização".
O Vaticano se opõe totalmente ao aborto e a qualquer forma de eutanásia.
"Somente onde existem o amor e a fidelidade nasce e perdura a verdadeira liberdade", estimou o Papa sobre sua visão do casamento.
O Papa pronunciou estas palavras quatro meses depois que entrou em vigor no país a nova legislação espanhola sobre o aborto, que o Vaticano classificou de "insensata".
A nova lei, que amplia a anterior, permite o aborto livre dentro de um prazo de 14 semanas e autoriza o aborto de maneira excepcional até 22 semanas de gravidez em caso de risco para a vida e a saúde da mãe ou em caso de graves malformações do feto.
O Pontífice também defendeu a união "entre um homem e uma mulher" num momento em que na Espanha as pessoas do mesmo sexo podem se casar, depois da adoção, há cinco anos, de uma lei que converteu o país no terceiro da Europa a permitir isso, depois da Holanda e Bélgica.
Ambas as leis geraram a oposição do Vaticano, da hierarquia da Igreja espanhola e do conservador Partido Popular (PP, na oposição), que recorreu delas ante o Tribunal Constitucional.