O papa Bento XVI fez neste sábado (20) uma nova defesa do celibato dos padres e pediu aos seminaristas que não se deixem intimidar "por um ambiente onde se pretende excluir Deus e onde o poder, a posse e o prazer frequentemente são os principais critérios pelos quais se rege a existência".
O pontífice fez essas declarações na homilia que pronunciou durante a missa que celebra na catedral da Almudena de Madri, diante de aproximadamente 5 mil seminaristas, em seu terceiro dia de estadia na Espanha por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.
Bento XVI pediu aos seminaristas que enfrentem o desafio sacerdotal "sem complexos nem mediocridade" e lhes disse para não temer que outros os "menosprezem" por isso, como costuma ocorrer, segundo ele.
"A santidade da Igreja é antes de tudo a santidade da própria pessoa de Cristo, de seu evangelho e de seus sacramentos, a santidade daquela força do alto que a encoraja e impulsiona. Nós devemos ser santos para não criar uma contradição entre o que somos e a realidade que queremos significar", declarou o papa.
O bispo de Roma convidou os seminaristas a viverem a formação sacerdotal com "profunda alegria, em atitude de docilidade, de lucidez e de radical fidelidade ao Evangelho".
"Seu coração vai amadurecer no Seminário, estando totalmente à disposição do Mestre. Esta disponibilidade, que é o dom do Espírito Santo, é o que inspira a decisão de viver no celibato pelo Reino dos Céus, o desprendimento dos bens da Terra, a austeridade da vida e a obediência sincera e sem dissimulação", acrescentou.
Bento XVI manifestou que a entrega total a Cristo é o que inspira "a decisão de viver o celibato pelo reino dos céus, o desprendimento dos bens da terra, a austeridade de vida e a obediência sincera e sem dissimulação".
"Igreja que é comunidade e instituição, família e missão", ressaltou o pontífice.
Ato
Depois da cerimônia, na qual anunciou sua intenção de proclamar doutor da Igreja o santo espanhol Juan de Avila, o Pontífice se dirigiu no papamóvel à residência do cardeal-arcebispo de Madri para um almoço, antes de, à tarde, realizar o ato central do dia, com uma vigília de oração com milhares de jovens no aeródromo de Cuatrovientos, periferia de Madri.
Na véspera, milhares de manifestantes voltaram a protestar no centro de Madri, fortemente vigiados pela polícia, contra a visita do Papa à capital espanhola, pouco depois da Via Crúcis liderada por Bento XVI a algumas centenas de metros dali.
Os manifestantes pertencentes sobretudo ao movimento dos "indignados", nascido na Espanha em maio, tentavam chegar pelas ruas adjacentes a essa praça, para a qual se dirigia uma procissão para participar da Via Crúcis do Papa. No local esperavam muitos fiéis católicos, mas a polícia não deixou os manifestantes passarem.
Na quarta-feira, durante o primeiro protesto contra esta viagem do Papa, 4.000 pessoas participaram, convocadas por associações laicas e de esquerda. O protesto registrou confrontos verbais entre "indignados" e os fiéis católicos, separados a todo momento pela polícia.