O partido do presidente Hugo Chávez venceu as eleições legislativas realizadas na Venezuela neste domingo (26), mas não obteve a maioria absoluta das cadeiras. De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral, o partido governista PSUV conquistou ao menos 90 cadeiras das 165 em disputa. A oposição, por sua vez, ficou com pelo menos 59 vagas, mais de um terço das composição do Parlamento. O partido dissidente do chavismo, PPT, obteve duas vagas. Ainda estão por ser contabilizados os votos de outros sete postos que ainda devem ser anunciados nesta segunda-feira.
O governo buscava manter a maioria absoluta na Casa, de pelo menos dois terços das cadeiras do Parlamento, para poder avançar com as reformas do projeto da revolução bolivariana, sem ter de negociar com a oposição, que não possuía representação no Parlamento venezuelano desde 2005.
A participação dos eleitores foi de 66,45%, uma das mais altas da história para eleições legislativas.
"Nós alcançamos um importante resultado eleitoral, mas não foi possível conseguir os dois terços. Temos por enquanto 95 deputados, uma maioria contundente", afirmou o dirigente do PSUV Aristobulo Isturiz, diante de milhares de simpatizantes do governo, que pediam a presença de Chávez e esperavam o anúncio de uma vitória mais ampla. O presidente venezuelano, porém, não apareceu.
"A meta não foi alcançada, mas esse esforço nos reafirma como a primeira força política do nosso país", afirmou Isturiz, em um brevíssimo discurso.
Minutos depois, Chávez escreveu em seu perfil no Twitter: "Socialismo bolivariano e democrático. Devemos continuar fortalecendo a revolução. Uma nova vitória do povo, parabéns", escreveu o presidente.
Dia de votação
Em entrevista minutos antes do horário de encerramento da votação, a vice-presidente do CNE, Sandra Oblitas, informou que a votação se completou em perfeita normalidade e sem que fosse registrados problemas de grande porte. Oblitas disse que, mesmo sem ter ainda um dado formal a respeito da participação, os organizadores haviam percebido uma grande presença dos eleitores.
"Os cidadãos venezuelanos demonstraram já estar acostumados com o processo eleitoral do país", disse.
Desde o meio-dia, o CNE já informava que haviam sido solucionados os problemas em centros de votação registrados pela manhã. A votação, que começaria nacionalmente às 6h, atrasou em várias partes do país. Em algumas cidades, os eleitores esperaram até três horas para votar.
Em Caracas, o G1 percebeu a formação de longas filas em toda a cidade. Eleitores ouvidos disseram, entretanto, que as filas estavam fluindo, sem uma espera muito longa.
O CNE, que anteriormente chegou a informar que publicaria resultados duas horas após o fim da votação (a partir das 21h30 em Brasília) rejeitou prever um horário para a saída do primeiro boletim. A definição do CNE era que só fossem divulgados resultados quando eles fossem irreversíveis.
As Forças Armadas, responsáveis pela segurança da votação em todo o país, disseram não ter registrado nenhum incidente. Antes do início da votação, um homem foi morto por soldados de segurança próximo a um local de votação, mas o incidente não foi relacionado com a eleição, segundo o governo.
Tranquilidade na capital
O clima na cidade foi de tranquilidade ao longo de todo o dia. Não houve confronto entre eleitores do governo e da oposição, e nem mesmo demonstração partidária pelas cores que simbolizavam as campanhas.
Uma forte chuva atingiu Caracas por volta das 15h, tornando o clima ainda menos conflituoso. Muitos centros de votação que antes estavam com longas filas ficaram vazios.
O G1 constatou que pelo menos um dos centros de votação na região central de Caracas já fechava suas portas desde minutos antes das 18h, sem que houvesse muitas pessoas aguardando para votar. Segundo organizadores da votação, os eleitores compareceram às urnas especialmente pela manhã.
O jornal local "El Universal" relatou que vários bairros da cidade já encerravam a votação às 18h. A rede de TV Globovisión também mostrou centros de votação sendo fechados por todo o país desde as 18h locais.
Irregularidades
Cerca de 2 milhões de pessoas podem ter sido afetados por irregularidades no processo de votação. A informação foi divulgada em um boletim a asociação civil Súmate, que registra denúncias de problemas na hora do voto.
O número equivale a 14% do total de cidadãos registrados para votar. Este é o total de eleitores que passariam pelos 1.014 centros de votação onde houve denúncias.
Os problemas vão desde questões simples, como atrasos e problemas com as urnas eletrônicas, mas pode incluir também o descumprimento dos procedimentos legais e da emissão de comprovantes.
Houve ainda denúncias de propaganda eleitoral irregular e de intimidação de eleitores.