Mais de 100 pessoas foram detidas nesta quinta-feira (17) durante protestos anticapitalismo em Nova York, segundo a polícia.
Centenas de manifestantes do movimento Ocupem Wall Street saíram em passeata pelo distrito financeiro de Nova York em direção ao prédio da Bolsa para protestar, no coração do capitalismo norte-americano, contra a desigualdade econômica, e celebrar os dois meses do movimento -que se espalhou por outras cidades americanas e outros países.
A polícia impediu que eles chegassem ao prédio, e houve confronto.
As prisões ocorreram em várias esquinas, quando os manifestantes tentavam passar. Muitos sentaram-se no meio da rua e foram retirados.
Dezenas de policiais formaram barricadas nas ruas estreitas em torno da bolsa e usaram cassetetes para empurrar os manifestantes para a calçada enquanto eles seguiam por uma rua, vindo de um parque próximo, na tentativa de evitar que os trabalhadores do setor financeiro chegassem a seus locais de trabalho.
Gritando "Nós somos os 99%" -- uma referência à afirmação de que o sistema político dos EUA beneficia só o 1% de mais ricos -- e carregando cartazes onde se lia "Nós, o povo", os manifestantes lotaram uma rua a poucos quarteirões da bolsa de valores, parando o tráfego.
O taxista Mike Tupea, um imigrante romeno, disse que ficou parado no trânsito por 40 minutos.
"Eu tenho que ganhar a vida. Pago US$ 100 por 12 horas neste táxi. Estou perdendo dinheiro a cada minuto", disse ele. "Eu dou toda a minha simpatia para este movimento, mas deixe-me ganhar o meu dinheiro, deixe as pessoas que trabalham ganhar a vida."
Também houve protestos em outras cidades dos EUA e em Bélgica, Alemanha, Itália, Nigéria, Polônia e Espanha.
A manifestação acontece dois dias depois que a polícia expulsou centenas de manifestantes de seu acampamento no Parque Zuccotti, em Manhattan, onde o movimento Ocupem Wall Street nasceu, em 17 de setembro, e provocou manifestações de solidariedade e ocupação de espaços públicos por todo o país.
O movimento também incentivou ações semelhantes em outras partes do mundo.
Peter Cohen, um antropólogo de Nova York, usava um terno durante o protesto em uma tentativa de melhorar a imagem do movimento.
"Eu tenho um trabalho e (estou vestindo o terno) porque eu estou cansado da maneira como este movimento tem sido caracterizado como um movimento marginal", disse Cohen, de 47 anos. "Eu não estou à procura de dinheiro, não estou procurando um emprego, não sou um ativista profissional, apenas um cidadão normal."
Os manifestantes dizem que eles estão irritados porque bilhões de dólares em resgates dados aos bancos durante a recessão permitiram um retorno dos grandes lucros para essas instituições, enquanto os norte-americanos comuns não tiveram alívio do alto desemprego e da economia em dificuldades.
Eles também dizem que o 1% de mais ricos não paga sua justa parcela de impostos.